‘Ciclone bomba’ está no último estágio e pior já passou, diz meteorologista
'Nas próximas horas, o ciclone ainda merece atenção e cautela quanto ao vento na faixa leste do RS, SC e ainda no estado de São Paulo, mas o pior já passou'
O meteorologista Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), explicou à CNN, nesta quarta-feira (1°) que o “ciclone bomba” – que deixou mortos no sul do país – está no último estágio e ainda merece atenção em pontos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e na capital paulista, mas assegurou: “O pior já passou”.
“Estamos passando pelo último estágio. Nas próximas horas, o ciclone ainda merece atenção e cautela quanto ao vento na faixa leste do RS, SC e ainda no estado de São Paulo, mas o pior já passou, porque agora na manhã tivemos ventos de 116 km/h em Santa Vitória do Palmar – que fica no extremo sul do RS”, explicou Schneider.
Até a manhã desta quarta-feira (1º), o fenômeno deixou ao menos seis mortos em Santa Catarina e um morto no Rio Grande do Sul, segundo, respectivamente o Corpo de Bombeiros Militar de SC e os Bombeiros Voluntários de Nova Prata.
De acordo com o meteorologista, foram registrados ventos de 100 km/h na faixa litorânea perto de Tramandaí – cerca de 80 km a leste de Porto Alegre. Com isso, ele alertou para a situação na capital gaúcha. “Vale atenção nas próximas horas por muita informação de queda de postes porque, naquela região, os ventos mais fortes foram durante a madrugada e neste amanhecer. Então, nas próximas horas ainda merece muita atenção, principalmente na faixa costeira – que inclui a parte mais sul de Santa Catarina até a região de Florianópolis”, acrescentou.
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Apesar disso, o especialista garantiu que o cenário não será parecido com as cenas vistas ao longo de terça-feira – com imóveis destruídos e pessoas em situação em risco.
“Não deve ser tão intenso quanto ontem, porque estamos no terceiro estágio. Não deve ter chuva. É só um vento contínuo e seria mais uma situação que o gaúcho e o catarinense está mais acostumado com o famoso vento minuano – que sopra forte com rajadas durante o dia, mas menos destrutivo”, afirmou.
Segundo ele, em parte da serra do litoral gaúcho e catarinense, os ventos podem alcançar 100 km/h. “Mas o ciclone rapidamente, nas próximas horas, vai em direção a alto-mar”, acrescentou. Ele ainda alertou que ondas em alto mar podem chegar a 6 e 7 metros. “Trata-se de outra situação e os embarcadores devem tomar uma cautela maior”, explicou.
Para a capital paulista, o meteorologista descreveu que podem ocorrer rajadas na faixa de 70 km/h, principalmente nos bairros que ficam em uma altitude mais elevada – como Alto da Lapa ou nas regiões da Serra da Cantareira e da Serra do Mar.
“A grande diferença desse ciclone é a rápida queda da pressão atmosférica – o peso do ar atmosférico cai rapidamente em apenas um dia”. “É um fenômeno que costuma acontecer na região sul, mas a diferença de ontem é que a massa de ar polar das últimas semanas entrou em contraste com o ar quente que vinha do Paraguai, então o choque térmico desses dois sistemas provocou os temporais de ontem”, esclareceu.
Mortes em SC

O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina atualizou para seis o número de mortos no estado após a passagem de um “ciclone bomba” com ventos de até 120 km/h na terça-feira (30). A Defesa Civil emitiu um alerta de que o fenômeno avança sobre o sudeste nesta quarta (1º).
As chuvas e ventos fortes, causados pela formação do ciclone extratropical (ciclone bomba) derrubaram árvores e fizeram estragos em diversas cidades da região. O fenômeno atingiu mais fortemente o estado de Santa Catarina. Foram atingidos também municípios do Rio Grande do Sul e Paraná.
As vítimas identificadas, até o momento, são uma idosa de 78 anos na cidade de Chapecó que foi atingida por uma árvore, um homem em Santo Amaro da Imperatriz atingido por fios de alta tensão e outro homem de 59 anos em Ilhota. A cidade de Tijucas também registrou três mortes, ainda não especificadas. E, em Brusque, há uma pessoa desaparecida.
Morte no RS

No Rio Grande do Sul, um homem de 53 anos morreu soterrado em Nova Prata, na região serrana, durante temporal. Vanderlei Oliveira trabalhava em uma construção perto de um barranco quando houve um deslizamento.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja na tarde de ontem para ventos fortes na região Sul do Brasil até esta quarta-feira (1º).
O que é o “ciclone bomba”?
Em entrevista à CNN, o meteorologista da Climatempo André Madeira explicou a formação deste fenômeno natural. Segundo ele, a ocorrência, que gera ventos de até 100 km/h, faz parte de “sistemas relativamente comuns” para esta época do ano na região Sul.
“São relativamente comuns nesta época do ano, e ocorrem aqui, no litoral do país, na região Sul, principalmente entre maio e setembro. São áreas de baixa pressão que, geralmente, se formam associados à uma frente fria. Também há a possibilidade de neve na Serra Gaúcha na quinta-feira (2)”, disse.
“O interessante dele é que o vento gira em torno de centros de baixas pressões no sentido horário, tornando os ventos muito intensos. Uma particularidade dele é que ele tem uma baixa queda de pressão no curto espaço de tempo, por isso este nome”, acrescentou ele.
Madeira explicou ainda que uma das consequências causadas por este ciclone é a formação de ondas, com agitação do mar no litoral do Sul e Sudeste. “Em todo litoral são esperadas ondas de cinco a seis metros. Algo como assoprar uma bacia cheia d’água”, exemplificou.
(Edição: Leonardo Lellis)