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    Chuvas elevam nível dos reservatórios de SP, mas índices são piores desde 2016

    Até a quarta-feira (13), mananciais operavam com 52,2% de sua capacidade enquanto o Cantareira estava com 38,9%

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    Pouco mais de um mês após registrar os piores índices desde o fim da crise hídrica, o nível nos reservatórios de água que abastecem as cidades da Região Metropolitana de São Paulo voltou a subir com as chuvas registradas em dezembro e no começo de janeiro.

    É preciso manter, porém, o consumo consciente de água já que o volume de Cantareira, principal reservatório do sistema, ainda está na faixa de atenção, segundo a classificação da Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) – que determina as condições de operação do sistema. 

    Até a manhã de sexta-feira (22), de acordo com a Sabesp (companhia de Saneamento de SP), o volume total armazenado nos reservatórios era de 52,2%. No Cantareira, esse índice era de 42,1% – há duas semana, o reservatório estava com 36,8% de sua capacidade.

    Em comparação com anos anteriores, tanto o volume total quanto o do Cantareira apresentam os piores índices desde 2016.

    Há um ano, os volumes estavam em 62% no sistema e 44% no Cantareira. Em 2019, eram 50,6% e 41,5%, respectivamente; em 2018, os mananciais estavam com 52,3% e seu principal reservatório estava com 45,2%; por fim, em 2017, os números eram 52,2% e 47,6%.

    Em 2016, o estado de São Paulo começava a se recuperar da crise hídrica iniciada em 2014. Em 13 de janeiro daquele ano, o Cantareira estava com 4% de sua capacidade – após deixar de usar a reserva técnica, conhecida como volume morto – e o sistema todo operava com apenas 25,6% da capacidade.

    “Fazendo uma projeção até o final do mês, é possível que o Cantareira feche com cerca de 220 milímetros de chuvas – abaixo da média de 265,1 mm –, o que faria o nível do reservatório subir cerca de 6,5%”, afirmou à CNN o professor do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Côrtes.

    “Se essa projeção de acúmulo se mantiver em fevereiro e março – e não há garantia de que isso vá acontecer – chegaremos ao começo de abril com cerca de 55,7% no Sistema Cantareira”, completou.

    Olhando para 2020, em 1º de abril o Cantareira operava com 64,3% de seu volume enquanto o sistema todo – considerando os reservatórios Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço – estava com 76,4%.

    Ou seja, seria preciso chover muito acima do esperado em todo o período para que o acúmulo de água nas represas fosse suficiente para recompor os volumes de armazenamento.

    Ainda de acordo com Côrtes, porém, desde entre 2012 e 2020 o Cantareira teve déficit de chuvas em relação à média história, com destaque para 2014, quando o reservatório recebeu 38% menos chuva do que o esperado.

    O único ano positivo foi 2015, quando as represas do sistema fecharam o período anual com um superávit de 5% em relação à média histórica.

    Procurada pela CNN sobre a situação atual dos reservatórios de São Paulo, a Sabesp afirmou que não há risco de desabastecimento, agora, na Região Metropolitana de São Paulo, mas reforçou a necessidade do uso consciente da água, evitando desperdícios, em qualquer época do ano.

    “Apesar de o volume de chuvas em 2020 ter ficado abaixo da média histórica, melhorou a partir do final de dezembro, o que tem feito o nível dos reservatórios subir”, disse a empresa.

    “Em relação ao período de estiagem, tudo depende das chuvas. A projeção da Sabesp aponta que os reservatórios chegarão, em abril, com níveis satisfatórios para passar pelo período de estiagem (de maio a setembro).”

    A Sabesp destacou ainda que o sistema que abastece a região é integrado e composto por sete mananciais que permitem “transferências de forma rotineira entre os sistemas produtores para abastecer diferentes regiões, consequentemente, dando mais segurança ao abastecimento”.

    “Isso é possível atualmente porque obras foram realizadas desde a crise hídrica de 2014, com destaque para a Interligação Jaguari-Atibainha (que traz água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira) e a entrada em operação do Sistema São Lourenço, juntas,  agregaram 445 bilhões de litros de água.”

     

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