Chuva no Rio: lugar onde mulher desapareceu tem alerta de inundações há 10 anos
Cerca de 25% da área urbanizada de Belford Roxo (RJ) está em área de alto risco, segundo o estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB)
Um estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB), realizado em dezembro de 2013, classifica com alta sustentabilidade as inundações a região do Rio Botas, em Belford Roxo (RJ), onde o Corpo de Bombeiros busca uma mulher desaparecida. A vítima teria afundado após um veículo cair na água.
Até esta segunda-feira (15), 12 mortes foram confirmadas no Rio de Janeiro e um homem está desaparecido, devido aos temporais que atingiram o estado neste final de semana, segundo as informações da Secretaria de Estado de Defesa Civil (Sedec).
Com base na vulnerabilidade apontada pelos estudos, a CNN questionou a Prefeitura de Belford Roxo, a Defesa Civil e o governo do estado sobre medidas adotadas para prevenção de eventos como esse e ainda não teve retorno.
Cabe perguntar o que as autoridades fizeram com essas informações para reduzir o risco a que a população das duas cidades está exposta. Em diversos casos, as informações estão disponíveis. É necessário que elas sejam utilizadas”
Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
O relatório, revisado em 2015, a que a CNN teve acesso, mostra que cerca de 24% da área urbanizada de Belford Roxo (RJ) está sob alto risco de inundações. O alerta é para inundações de até 2 metros em relação à borda da calha do leito regular do curso d’água. São cerca de 14,38 km² com alto risco. Outros 15% da área urbanizada está em áreas de médio risco.
Os solos das áreas de alto risco foram identificados como hidromórficos — estão sujeitos à alternância natural de períodos de alagamento. Ainda há o alerta de influências da maré nas inundações.
O mesmo solo foi predominante em Duque de Caxias, onde mais de metade da área urbanizada do município foi classificada com alta suscetibilidade para inundações, com alturas de até 5 metros. O município também está em “risco hidrológico muito alto”, segundo a Defesa Civil do estado. Na cidade, um homem foi vítima de descarga elétrica.
Obras de prevenção de riscos de desastres
O Ministério das Cidades informou, nesta segunda-feira (15), que tem como prioridade nesse início de ano avançar com a seleção dos projetos de drenagem e de contenção de encostas para prevenção de riscos nas cidades brasileiras.
O ministro Jader Filho destacou que o Rio de Janeiro recebeu autorização no final do ano passado para início de oito obras de contenção de encostas, em um investimento federal de R$ 330 milhões, além de seis empreendimentos de drenagem, totalizando R$ 375 milhões.
O estado, novo PAC Seleções, recebeu mais de R$ 660 milhões em novas propostas para obras de contenção de encostas e de R$ 7,8 bilhões em propostas para drenagem urbana. No momento, a equipe técnica do Ministério das Cidades está em fase de análise.
O Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) informa que está acompanhando as condições meteorológicas e os níveis pluviométricos. Confira as cidades em risco:
- Risco hidrológico muito alto: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti.
- Risco hidrológico alto: Itaperuna, Petrópolis, Laje do Muriaé, Teresópolis, São Gonçalo, Japeri, Queimados, Seropédica e Niterói.
- Risco geológico alto: Seropédica, Rio de Janeiro, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Paraty, Angra dos Reis, Teresópolis, Maricá, Paracambi, Niterói, São Gonçalo, Japeri e Queimados.