‘Chega uma hora que só tem uma saída’, diz presidente da FNP sobre lockdown
Em entrevista à CNN, Jonas Donizette falou sobre defesa de medidas mais restritivas para conter Covid-19 e consórcio de vacinas
Em entrevista à CNN neste sábado (13), o presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, defendeu a orientação do órgão para que as prefeituras avaliem medidas mais restritivas para conter a Covid-19.
“Chega uma hora que só tem uma saída, usar as medidas legais —importante dizer que todas são legais, há leis do governo federal que nos atribuem competência— e fazer com que as pessoas deixem de circular, porque o vírus só circula através de pessoas”, afirmou.
Um documento divulgado pela FNP nesta sexta (12) recomenda que governantes locais adotem medidas de restrição da circulação e isolamento social, bem como avaliem a decretação de lockdown.
“Fizemos o documento para que cada prefeito analisasse, mas não deixasse de tomar medidas por críticas e protestos, não deixasse de tomar medidas para salvaguardar vidas”, disse.
Donizette disse que não há a quem doa mais que o prefeito ao adotar essas restrições. “Ter que tomar medidas restritivas não é algo agradável para nenhum prefeito. Existe uma camada da população, talvez influenciada por algumas autoridades, que acham que estamos brincando. Não estamos, isso é coisa muito séria, ninguém está protegido do vírus enquanto não estiver imunizado”.
O presidente da FNP também falou sobre o consórcio de vacinas organizado pela entidade. De acordo com ele, mais de 2.500 municípios, incluindo todas as capitais do país, aderiram à iniciativa para conseguir mais doses.
“Só a vacinação vai nos dar segurança de vida e o retorno normal das atividades”, declarou.
Ele falou que não vê problema caso o Ministério da Saúde faça a requisição administrativa das vacinas obtidas pelo consórcio.
“O próprio ministro já disse que as vacinas que conseguirmos, ele pode requisitar administrativamente e nos pagar. Para nós, está de bom tamanho, o que a gente quer é mais vacinas”, disse.
Segundo ele, caso isso não aconteça, os municípios poderão solicitar o reembolso das compras ao governo federal. No entanto, ele disse que as prefeituras estão animadas com a possibilidade de ajuda do setor privado. “Temos uma iniciativa privada forte no Brasil, com grandes empresários e grandes fortunas, gente que poderia colaborar nesse momento difícil que o Brasil vive”.
Donizette também disse que terá uma reunião com o embaixador dos Estados Unidos para conversar sobre a cessão de doses da AstraZeneca compradas por aquele país.
Ele lembra que, apesar das vacinas terem sido adquiridas, a aplicação delas ainda não foi aprovada pela agência reguladora do país e que esse processo poderia levar até mais três meses. “Aqui no Brasil, ela já foi aprovada, poderíamos aplicar. Daqui 2, 3 meses, talvez essas 30 milhões de doses [da vacina da AstraZeneca] não façam falta para os americanos e, para nós, seria de grande utilidade”.
O jornal The New York Yimes reportou nesta semana que funcionários do governo dos EUA estudavam a possibilidade de repassar milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford a outros países —inclusive o Brasil.