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    Chefes da milícia ‘Escritório do Crime’ prestaram depoimento no caso Marielle

     Adriano da Nóbrega e “Mad” negaram conhecer um ao outro, mas, segundo os investigadores, ambos mantinham contato desde crianças

    Imagem de Adriano Magalhães da Nóbrega
    Imagem de Adriano Magalhães da Nóbrega Foto: Reprodução

    Leandro Resende Da CNN, no Rio

    Adriano Magalhães da Nóbrega e Leonardo Gouvêa da Silva, apontados como chefes do “Escritório do Crime” prestaram depoimento como testemunhas do caso Marielle Franco, vereadora morta ao lado do motorista Anderson Gomes em março de 2018. A CNN teve acesso às declarações, dadas à Polícia Civil do Rio respectivamente em agosto e setembro de 2018.

    O ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano liderou o grupo até ser morto em fevereiro deste ano, em Esplanada, na Bahia. Leonardo, conhecido como “Mad”, assumiu o comando do grupo a partir dali até ser preso nesta terça-feira (30). 

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    A existência do Escritório do Crime apareceu como tema dos investigadores no meio da apuração da morte da vereadora Marielle Franco ainda em 2018, a partir do relato de que existiriam homicídios ligados à contravenção e que jamais foram esclarecidos pela polícia civil do Rio. São pelo menos 19 assassinatos  desde 2002. 

    Nos depoimentos que prestaram,  Adriano e “Mad” negaram conhecer um ao outro, mas, segundo os investigadores, ambos mantinham contato desde crianças, quando jogavam futebol juntos em um campo na Zona Norte do Rio. A dupla também foi informada que, à época do depoimento, eram mencionados em denúncias anônimas por envolvimento com a morte de Marielle – e disseram não conhecer a vereadora. 

    O depoimento de Adriano, em 20 de agosto de 2018, foi curto. Ele foi questionado se conhecia pessoas investigadas por envolvimento com assassinatos não esclarecidos do Rio e se trocava de celulares constantemente.

    Cinco meses depois do depoimento, o Ministério Público do Rio apontou, em denúncia, que ele liderava a mais antiga milícia do Rio, em Rio das Pedras, na Zona Oeste da capital. Foragido desde janeiro de 2019, Adriano portava 13 celulares quando foi morto em confronto com policiais na Bahia. 

    “Mad”prestou depoimento sobre o caso Marielle um mês depois de Adriano. Na ocasião, disse que era vigilante e deu como endereço o mesmo local em que foi preso hoje. Alertado de que seu nome tinha aparecido no Disque-Denúncia como envolvido na morte da política, afirmou que estava assistindo um jogo no dia da morte da vereadora.

    Ele foi denunciado hoje por ter matado o empresário Marcelo Diotti no mesmo dia em que Marielle e Anderson foram mortos. Ao ser questionado pela polícia sobre seus diversos números de celular, “Mad”explicou que trabalhou com a produção de eventos. Além disso, informou ser dono de um quiosque em uma praia do Espírito Santo e trabalhou em uma imobiliária. 

    Segundo um investigador ouvido pela CNN, Mad cobrava cerca de R$ 100 mil por crime, e exigia receber a quantia em espécie.