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    Escolas em Paraisópolis recebem pacientes com COVID-19 que não podem se isolar

    Em comunidade de São Paulo, espaços montados em escolas estaduais recebem pacientes que não têm estrutura para manter isolamento

    Diego Viñas e Anthony Wells, , da CNN, em São Paulo

    “A vida continua como se nada tivesse acontecido, como se o coronavírus fosse uma coisa apenas da televisão. Mas a realidade é que na favela as pessoas estão passando fome, falta água e a situação de higiene é muito complexa”.

    É assim que Gilson Rodrigues, líder comunitário de Paraisópolis, descreve a situação na comunidade — a segunda maior favela do estado, com cerca de 100 mil moradores, na zona sul de São Paulo.

    Praticar o isolamento social em uma comunidade como Paraisópolis é mais difícil por conta dos cômodos menores, das ruas estreitas e da alta densidade de pessoas.

    Por isso o Hospital Albert Einstein e o programa Parceiros da Educação, em parceria com o governo do estado de São Paulo, atenderam o pedido da União de Moradores de Paraisópolis para a inauguração dos primeiros Centros de Acolhimento em escolas estaduais para isolar pacientes testados positivos para a COVID-19 em São Paulo.

    “Independentemente da causa do quadro gripal, ele [paciente] recebe as orientações de isolamento domiciliar e o kit de higiene pessoal. Quando vem o resultado do exame, se ele é positivo, a equipe de saúde entra em contato com esse individuo e ele, então, é encaminhado para o centro de acolhimento”, explica Alexandre Holthausen, diretor acadêmico de ensino e graduações do Einstein.

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    São mais de 500 leitos divididos em duas escolas em Paraisópolis, que estão recebendo pacientes com mais de 18 anos, de baixo risco e que testaram positivo para a COVID-19 em uma das UBS (Unidades Básicas de Saúde) e AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) da região.

    “Ao invés de mandar essas pessoas de volta para a casa delas, onde elas moram as vezes com três, quatro, cinco pessoas em uma casa de um ou dois cômodos, a ideia é trazer essas pessoas para cá para que elas passem por esse período de contaminação aqui dentro do centro de isolamento”, conta Patrick Tranjan, assessor técnico do gabinete da Secretaria Estadual de Educação.

    A Escola Estadual Etelvina de Goes Marcucci, uma das ocupadas, conta com 250 leitos e recebe apenas homens. Já a Escola Estadual Maria Zilda Gamba Natel, ao lado, tem 260 leitos, e é exclusiva para mulheres.

    “O público alvo desse projeto é acima de 18 anos por dois motivos. Primeiro, a gente não tem a estrutura para ter acompanhante aqui dentro. E, segundo, a gente sabe que quem é mais novinho, crianças e adolescentes, tem menos problema com a COVID-19”, detalha Ana Leite, da ONG Parceiros da Educação.

    O isolamento no centro de acolhimento é voluntário. O paciente não recebe visitas presenciais, mas contará com internet. Ele também terá refeições, feitas na escola, roupa de cama, produtos de higiene e acesso à televisão.

    “Isso aqui não é uma clínica nem uma unidade de saúde. A gente queria que essas pessoas tivessem uma da casa delas, que elas se sentissem acolhidas, confortáveis, a vontade, como se elas estivessem em casa, mas sem deixar as pessoas que elas convivem, amam, os parentes, em risco”, diz Leite.

    Foram arrecadados, através da participação da sociedade civil, poder público e privado, quase R$ 4 milhões para as obras, que duraram três semanas.

    “É importante cada um fazer a sua parte e entender que, estando contaminado, é importante fazer o isolamento até que passem os sintomas”, lembra Tranjan.

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