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    Caso Moïse: Polícia e MP investigam participação de outras 7 pessoas na cena do crime

    Segundo o promotor do caso, dois policiais militares e dois guardas municipais poderão responder por omissão

    Pedro DuranBeatriz Puenteda CNN , Rio de Janeiro

    Além de materializar a participação dos três agressores já identificados e presos pela morte do jovem congolês Moïse Kabagambe, Ministério Público e Polícia Civil do Rio se debruçam agora sobre outra etapa da investigação: identificar o que faziam outras sete pessoas presentes na cena do crime.

    Com base em análises de imagens gravadas pelo circuito de segurança do quiosque onde o rapaz foi morto, os investigadores pretendem concluir quais suspostos crimes podem ter sido cometidos por essas pessoas.

    Segundo o promotor Alexandre Murilo Graça, responsável pelo caso, a lista inclui dois policiais militares e dois guardas municipais, que teriam tido comportamento omissos ao terem sido avisados da agressão e nada feito.

    Outros três homens também aparecem nas quase quatro horas de imagens gravadas, inicialmente divulgadas com tempo e ângulo encurtados.

    De acordo com as imagens, um dos homens usa uma camiseta da seleção brasileira e chega a mover as pernas de Moïse, segurando nos pés dele. Nas imagens não fica claro se ele agiu para ajudar, tentar socorrer Moïse, ou estava aliado aos agressores.

    Outro homem aparece falando ao telefone, o que levanta a suspeita de que alguém pudesse estar dando orientações sobre o que fazer. Um terceiro homem é visto carregando uma das armas do crime, um taco de baseball usado pra cortar o gelo das bebidas servidas no estabecimento.

    Graça destacou à CNN a possibilidade de envolvimento de agentes públicos. “Você tem outros crimes que podem ter acontecido ali que estão sendo investigados. Nós, desde o começo, estamos junto com a autoridade policial pra poder identificar esses outros crimes e esses outros autores. Nós podemos falar da omissão de socorro, na conduta de repente de agentes públicos que não interviram, eles não atuaram quando deveriam atuar”, disse o promotor.

    A confirmação vem depois de cobranças da família e de deputados e senadores, membros das comissões de direitos humanos do Congresso. Uma comitiva com diversos parlamentares desembarcou no Rio nessa segunda-feira (14) com a intenção de cobrar rapidez nas investigações e explicações sobre o caso.

    Um dos pontos centrais foi justamente a edição do vídeo, supostamente ocultando a ação de outras pessoas.

    Graça defende que o vídeo completo, visto por familiares de Moise está preservado e que a investigação é sigilosa de praxe, para não atrapalgar diligências. Ele sustenta, no entanto, que mesmo o vídeo com as imagens completas não é conclusivo e demanda explicações.

    “Nós temos imagens mas não temos o som. Nós não sabemos se alguém incentivou. Nós não sabemos se alguém assistiu e não fez nada. Nós não sabemos se alguém que deveria fazer não fez. […] Estamos investigamos todos esses personagens que aparecem e alguns que não aparecem no vídeo e foram até o local”, afirmou.

    Entre os sete, contra os guardas municipais recaem até o momento questionamentos mais contundentes. Uma delas consta no depoimento de uma das testemunhas que estava no local. O documento foi obtido pela CNN.

    A transcrição policial do relato da mulher diz que no momento das agressões “a declarante desceu para a areia da praia, sendo que antes havia pedido auxilio para dois guardas municipais; que não logou êxito, pois estes não foram ajudar; que então solicitou ajuda ao seu marido; que quando ambos subiram para tentar socorrer ou ajudar, ou ate mesmo tentar cessar a confusão, a declarante viu o homem negro amarrado”.

    A CNN procurou a Secretaria Municipal de Ordem Pública, que comanda a Guarda Municipal e o comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Veja abaixo nota da PM sobre o caso:

    A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que as questões relacionadas a este caso estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital. A Corregedoria Geral da Corporação, por meio da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária (DPJM), abriu um procedimento apuratório para averiguar as denúncias. O trâmite está em andamento.

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