Caso Genivaldo: MPF concede mais 20 dias para conclusão do inquérito
Genivaldo de Jesus Santos morreu após uma abordagem de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na cidade Umbaúba, em Sergipe


O Ministério Público Federal (MPF) concedeu na terça-feira (2) mais 20 dias para a conclusão do inquérito que apura a morte de Genivaldo de Jesus Santos após uma abordagem de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na cidade de Umbaúba, em Sergipe. O pedido de extensão foi feito pela Polícia Federal (PF).
De acordo com o MPF, as investigações se encontram em fase final, restando a conclusão resultado das perícias, inclusive o laudo necroscópico, pelo Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe e pelo Instituto Nacional de Criminalística em Brasília. A previsão é que o inquérito seja concluído até o final de agosto.
O laudo inicial do Instituto Médico-Legal confirmou a morte por asfixia e insuficiência respiratória. Santos teria sido abordado após andar de moto sem capacete. O homem tinha distúrbios mentais, segundo relatos de familiares. Vídeos o mostraram sendo mantido preso no porta-malas de uma viatura da PRF, que estava cheia de fumaça.
A CNN entrou em contato com a Polícia Federal e a defesa de Genivaldo de Jesus Santos e aguarda retorno.
Relembre o caso
Um homem de 38 anos foi morto durante abordagem pela Polícia Rodoviária Federal na cidade de Umbaúba, em Sergipe, na quarta-feira (25/6). Vídeos compartilhados em redes sociais mostram a viatura da PRF sendo usada como uma “câmara de gás” com a vítima presa no porta-malas.
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, sofria de distúrbios mentais, segundo relatos de familiares. O laudo inicial do Instituto Médico Legal confirmou o óbito por asfixia e insuficiência respiratória. As polícias Civil e Federal investigam o caso.
“Foi dada a ordem de parada, ele parou, botou a moto no descanso e atendeu todos os comandos. O policial pediu pra ele levantar a camisa, ele fez e falou que estava com o remédio no bolso e com a receita médica indicando que ele tem problemas mentais, foi quando o policial chamou reforço”, relata Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo.
Segundo Wallyson, outros dois policiais chegaram e iniciaram o que o sobrinho chamou de “sessão de tortura.”
“Pegaram ele pelos braços e pelas pernas. Quiseram colocar algemas nos pé dele, mas não coube e pegaram uma fita lá dentro e amarraram nele. Começaram a pisar nele e depois de tudo isso ocorrido, eles pegaram meu tio, colocaram na viatura e colocaram uma granada daquela de gás”, relata o sobrinho da vítima.
As imagens mostram dois policiais segurando Genivaldo dentro da viatura, com as pernas pra fora.
De acordo com o depoimento de Wallyson, os presentes continuavam dizendo aos policiais que Genivaldo tinha problemas de saúde.
“A viatura cheia de gás lacrimogêneo lá dentro e ele no porta malas, foi quando a população não aguentou que estava todo mundo vendo aquilo e começaram a gravar”, relata.
Amigos, familiares de Genivaldo e moradores da cidade, a cem quilômetros de Aracaju, fizeram um protesto na entrada da cidade na manhã desta quinta-feira (26), bloqueando a BR-101, onde aconteceu a abordagem.
A Polícia Federal emitiu nota informando que “instaurou inquérito para apurar morte durante abordagem policial” e que diligências já estão sendo feitas.
Segundo nota da PRF, o “homem de 38 anos, resistiu ativamente a uma abordagem (…) Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo.”
Ainda de acordo com o comunicado do órgão, “durante o deslocamento, o abordado veio a passar mal e socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito.”
A PRF afirma que abriu processo disciplinar para investigar a conduta dos policiais.