Cantareira entra em nível de alerta com volume de água abaixo dos 40%
Dados da Sabesp mostram que o volume útil de água está em queda; Companhia descartou risco de racionamento de água ou desabastecimento
O Sistema Cantareira atingiu 39,2% de volume útil nesta terça-feira (17), conforme dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e entrou em nível de alerta. O reservatório é principal fornecedor de água para a Região Metropolitana de São Paulo, abastecendo cerca de 7 milhões de pessoas por dia.
Segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o normal é um volume de pelo menos 60%. Ainda de acordo com a ANA, a situação para o abastecimento é de alerta quando o nível de água está abaixo dos 40%.
Os dados do Portal dos Mananciais, da Sabesp, mostram que o volume útil de água está em queda. A Companhia, porém, descartou o risco de racionamento de água ou desabastecimento.
No último dia 11, o volume útil chegou a 39,9%. Na última sexta-feira (13), o índice estava em 39,7%. Nesta terça (17), baixou a 39,2%.
Em nota, a Sabesp disse que “não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo” e que a “queda no nível das represas é esperada” (leia íntegra da nota no fim da matéria).
“Medidas adicionais às que já são realizadas serão adotadas se necessário, levando em consideração as projeções da Companhia e o trabalho de acompanhamento da situação que visa a assegurar o abastecimento da população”, diz trecho da nota.
Pior situação hídrica dos últimos 91 anos
Em junho deste ano, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que o Brasil vive a pior situação hídrica dos últimos 91 anos e chegou a pedir para a população que faça uso racional de água e energia.
“Foi a pior afluência dos últimos 91 anos, o que nos levou a adotar novas medidas. Os reservatórios do sudeste estão com 30,2% da capacidade”, declarou em rede nacional.
O ministro disse ainda que não quer que o Brasil entre em 2022 com “dependência do período úmido”. Segundo ele, o quadro “provocou a natural preocupação de muitos brasileiros com a possibilidade de racionamento de energia, como aconteceu em 2001”.
Leia íntegra da nota da Sabesp:
“A Sabesp informa que não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo. O técnico Emerson Martins Moreira apresentou um estudo que não retrata a realidade do sistema integrado de abastecimento. O estudo traz um cenário, entre vários analisados periodicamente, que desconsidera ações como a atual flexibilidade do sistema como um todo (são 7 mananciais, entre os quais o Cantareira) e obra em andamento para interligação do rio Itapanhaú, que inicia operação parcial já no fim de 2021 e total até julho de 2022.
A Sabesp vem realizando nos últimos anos ações que dão mais segurança hídrica à RMSP, como ampliação da infraestrutura, integração e transferência entre sistemas, além de campanhas para o consumo consciente de água.
Neste momento de estiagem, a queda no nível das represas é esperada e a projeção da Sabesp aponta níveis satisfatórios para os próximos meses, até 2022. Medidas adicionais às que já são realizadas serão adotadas se necessário, levando em consideração as projeções da Companhia e o trabalho de acompanhamento da situação que visa a assegurar o abastecimento da população.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
• O Sistema Integrado opera nesta quarta (18/8) com 45% de sua capacidade total, nível similar aos 46,4% do mesmo dia de 2018, quando não houve problemas de abastecimento.
• O nível de alerta ocorre, segundo as regras da outorga, quando o Sistema Cantareira registra nível abaixo de 40% no último dia do mês e vale para o mês seguinte. Com isso, o limite máximo de retirada do reservatório passa de 31 m³/s para 27 m³/s. A Sabesp esclarece que a retirada atual já tem sido inferior: 23 m³/s.
• Principais obras realizadas: Interligação Jaguari-Atibainha e o novo Sistema São Lourenço, ambos em operação desde 2018, além da ampliação da interligação entre os 7 sistemas.
• Principal obra em andamento: A interligação do rio Itapanhaú inicia operação no fim de 2021 transferindo 400 litros por segundo (l/s) desse rio para o Sistema Alto Tietê. Até julho de 2022, serão em média 2,0 mil l/s.”