Câmara do Rio decide futuro de Dr. Jairinho nesta quarta sob ‘clima de cassação’
Suplente é da região onde ocorreram desabamentos e foi ouvido em investigação sobre Muzema
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro se reúne nesta quarta-feira (30) para decidir se aceita ou não o parecer do Conselho de Ética da Casa, que recomendou a cassação do mandato de vereador de Jairo Souza Santos Júnior.
Conhecido como Dr. Jairinho, ele foi denunciado acusado de matar o enteado, o menino Henry Borel, em abril deste ano. O parlamentar ainda enfrenta outras duas denúncias de tortura e maus tratos com filhos de ex-namoradas.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vereador Alexandre Isquierdo (DEM), disse à CNN que o clima entre os parlamentares é o que Dr. Jairinho será cassado nesta quarta-feira.
“O clima, o sentimento na Câmara dos Vereadores é de cassação por ampla maioria. É certo que nenhum dos vereadores defenderá ele. Não acredito que ninguém vote contra o relatório do Conselho do Ética, que foi aprovado com a participação de representantes de vários partidos e sugere a cassação”, disse Isquierdo.
Como será a sessão
A sessão está marcada para as 16h. O político sem partido terá o relatório do Conselho contra ele julgado no plenário. A Câmara tem 51 vereadores, mas com Jairinho afastado, são 50 votos em jogo. Para que ele seja cassado, são necessários 34 deles.
O parecer favorável à cassação foi elaborado pelo vereador Luiz Ramos Filho, do PMN, e aprovado no Conselho de Ética por 7 votos a 0. Jairinho não tem mais partido desde que foi expulso do Solidariedade no dia em que foi preso.
A sessão começará com a leitura do parecer de Ramos Filho, que pede a cassação. Após a leitura, os vereadores podem discursar por 15 minutos cada. Há um acordo que prevê que esse tempo seja destinado apenas àqueles que quiserem falar entre os sete membros do Conselho.
Os demais vereadores teriam 15 minutos de fala pelo regimento interno, mas devem ter o tempo limitado para apenas cinco minutos. A expectativa é de que poucos decidam se manifestar sobre o caso.
Advogados de Jairinho terão duas horas, mas não devem usar o tempo completo. Eles alegaram, em uma peça de 13 páginas enviada ao Conselho, que o processo foi rápido demais e a inocência do parlamentar não foi presumida.
Se decidirem usar o tempo de fala, os advogados devem ir nessa linha. Após a fala da defesa, líderes de partidos e blocos podem se manifestar para orientar suas bancadas, o que – se ocorrer – também deve ser rápido. A votação será nominal e usará o painel eletrônico.
Suplente é ‘empresário favelado’
Se for cassado, Jairo Souza Santos Junior será substituído por outro político de seu antigo partido, Marcelo Diniz, do Solidariedade.
De campanha modesta, em 2020 ele gastou menos de R$ 30 mil e reivindicou apoio das comunidades e dos ‘mais necessitados’, se apresentando como empresário, ‘favelado’ e líder comunitário. A área de atuação dele é a região de Muzema e Rio das Pedras, que sofreram com desabamentos recentes.
Marcelo Diniz pousou para fotos ao lado do prefeito Eduardo Paes (PSD) e do governador Cláudio Castro (PL) no local onde um prédio desabou em Rio das Pedras matando pai e filha.
Ele foi um dos cabos eleitorais do prefeito do Rio de Janeiro, especialmente no segundo turno, após perder a eleição para vereador no Rio. Ele chegou a ser ouvido pela polícia nas investigações após o desabamento em Muzema, que deixou 24 mortos em 2019. Na época, era presidente da Associação de Moradores da região.