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    Calor e frio: como a temperatura é medida na cidade de São Paulo?

    Giulia Alecrim, da CNN em São Paulo

    As altas temperaturas que o país e a cidade de São Paulo enfrentaram durante os últimos dias têm sido tema de grande discussão e dúvida em função de variados índices registrados, para os mesmos dias, por institutos de meteorologia diferentes. 

    Na sexta-feira (2), por exemplo, a capital paulista bateu recorde de temperatura, com média de 37,3°C, de acordo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE). Já segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a máxima chegou a 37,4°C.

    O que significa, então, essa diferença de temperatura e por que ela tem números diferentes?

    Para responder às dúvidas sobre medição e entender de que forma esses resultados são diferentes dependendo do órgão que as mede, a CNN conversou com o meteorologista do INMET, Marcelo Schneider, e com o técnico em meteorologia do CGE, Adilson Nazário.

    Quais os medidores em SP?

    A temperatura da cidade de São Paulo é fornecida oficialmente pelo CGE, órgão da prefeitura, e pelo INMET.

    O INMET é um órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que fornece informações meteorológicas para todo o país.

    Na capital paulista, o instituto mantém dois termômetros de medição: um no Mirante de Santana, que é medidor oficial desde 1943, e um em Interlagos, aberto em 2018.

    O INMET também representa o Brasil junto à Organização Meteorológica Mundial (OMM). O órgão adota a medição sinótica, ou seja, observada em horários padronizados, e tem termômetros espalhados em um raio de ao menos 50km.

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    O CGE é responsável pelo monitoramento das condições meteorológicas na Capital e foi criado em novembro de 1999, apesar de ter passado a compilar informações de temperatura em 2004.

    Ao todo, possui 29 termômetros distribuídos pela cidade, nos seguintes pontos: Penha, Perus, Pirituba, Freguesia do Ó, Santana/Tucuruvi, Tremembé, São Miguel Paulista, Itaim Paulista, São Mateus, Sé, Butantã, Ipiranga, Santo Amaro, M Boi Mirim, Cidade Ademar, Barragem Parelheiros, Marsilac, Lapa, Campo Limpo, Capela do Socorro, Vila Formosa, Móoca, Itaquera, Vila Prudente, Anhembi, Vila Maria / Guilherme, Vila Mariana, Jabaquara, Pinheiros.

    Como funciona a medição em SP?

    Tanto o INMET quanto o CGE utilizam termômetros automáticos, que medem a temperatura sozinhos e disparam os dados para uma central, de forma totalmente digital.

    O diferencial do INMET é que, no medidor oficial do Mirante de Santana, há um termômetro convencional, que necessita de mão de obra humana para ser medido.

    Durante a pandemia, o órgão parou de utilizar esse método e passou a divulgar as informações do termômetro automático.

    “Ambos os métodos (convencional ou automático) são confiáveis. No Mirante de Santana, nosso termômetro convencional fica protegido numa casa, de modo a filtrar o efeito da radiação solar. Para que respeite o padrão exigido, é necessário que ele esteja numa área cercada, com vento e presença de área verde”, explica o meteorologista do INMET, Marcelo Schneider.

    As imagens de satélites também são utilizadas por ambos os órgãos para a previsão de temperatura.

    Qual órgão oferece a temperatura mais representativa?

    Apesar de o INMET ser um órgão do governo federal e, tradicionalmente, o mais usado no país, o CGE tem 29 termômetros distribuídos em todas as zonas de São Paulo, e é o órgão que fornece a temperatura média de toda a cidade, o que significa uma maior representatividade da temperatura geral. O Centro soma, portanto, a temperatura de todas as unidades de medição e divide pela quantidade desses pontos.

    “A cidade de São Paulo é heterogênea. Por isso é necessária uma distribuição de termômetros, de modo a dar uma maior representatividade da temperatura”, explica Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE.

    Podemos confiar na medição dos termômetros de rua?

    Sim, mas eles representam apenas sensação térmica sentida naquele ponto específico da cidade.

    “Termômetros de rua expressam a temperatura urbana, ou seja, o que o cidadão está sentindo. Mas aquilo pode sofrer uma interferência muito grande”, explica Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE.

    As interferências mencionadas podem incluir, por exemplo, o fato de os termômetros estarem expostos à rua, diretamente embaixo do sol, sem nenhuma proteção – diferentemente dos termômetros do CGE e do INMET, que são protegidos contra a radiação solar por estruturas específicas.

    Com supervisão de Giovanna Bronze.

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