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    Cai o número de baleias que migram para se reproduzir na costa brasileira

    Queda no volume de alimento disponível nos oceanos e aumento das temperaturas são as principais hipóteses para a queda

    Bruna Ostermann, da CNN, em Porto Alegre

    Pesquisadores vão iniciar um estudo aprofundado para tentar descobrir o motivo da redução no número de baleias francas que estiveram no litoral sul do Brasil, neste ano e em 2019. De acordo com Karina Groch, diretora do ProFRANCA / Instituto Australis, houve um “boom” de nascimento em 2018, com 273 mamíferos (126 filhotes) registrados nas águas do Atlântico, entre a costa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Já em 2019, o número diminuiu para 52 (25 filhotes) e em 2020 caiu mais ainda, 42 (20 filhotes). Desde 2002, a média total de baleias ficou em torno de 100 baleias por ano.

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    Baleia-franca e filhote no litoral brasileiro
    Baleia-franca e filhote no litoral brasileiro
    Foto: Reprodução/CNN (28.set.2020)

    Ainda conforme a pesquisadora, a principal hipótese tanto para o boom de nascimentos, quanto para a queda substancial, é a disponibilidade de alimentos para os animais, que comem um crustáceo, parecido com camarão, chamado “krill”. 

    As baleias passam o verão se alimentando próximo às Ilhas Geórgias do Sul, na Antártida, e no inverno vêm para a costa brasileira para ter filhotes. Mas, se não estão bem nutridas, as fêmeas estendem o ciclo reprodutivo, porque não têm energia para acasalar, se deslocar e ainda alimentar o filhote por um ano. 

    “A diminuição de krill pode estar relacionada à temperatura da superfície da água na Antártida, que está muito quente. Muito quente por quê? É um ciclo natural, uma oscilação natural, ou as águas aqueceram por causa do aquecimento global? E aí é um problema mais sério, porque o aquecimento global é uma tendência. Tudo indica que a gente vai ter oceanos mais quentes e isso vai desequilibras toda cadeia alimentar dessas espécies”, explica Karina.

    Há 15 anos a estimativa de crescimento da população no Brasil era de 14% e agora é 4,8%. A taxa de crescimento atual está mais proxima das outras áreas de ocorrencia das baleias franca no hemisfério sul, mas é uma taxa bastante lenta. Conforme a especialista, é preciso considerar que o mamífero teve sua população extremamente reduzida pela caça no Brasil e ainda está longe de voltar ao normal. Por ser uma espécie ameaçada de extinção, qualquer desequilíbrio pode ser preocupante.

    “Podemos fazer um paralelo com as francas do hemisfério norte, que são mais magras que no hemisfério sul todo. E isso está relacionado a escassez de alimento. Elas estão sofrendo e têm a população extremamente reduzida no Atlântico Norte. Tem inclusive uma perspectiva de extinção em cerca de 100 anos”, conclui.

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