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    Brasileiro acusado de golpe dos falsos leilões é incluído na lista da Interpol

    Lucas Fernando Simões é apontado como líder da organização criminosa que falsificou 540 sites de leilão

    Foto de Lucas Fernando Simões no sistema da Interpol
    Foto de Lucas Fernando Simões no sistema da Interpol Divulgação

    Elijonas Maiada CNN

    Em Brasília

    A Interpol, rede internacional de polícias, incluiu na lista vermelha –de foragidos– o nome de um brasileiro suspeito de aplicar golpes de falsos leilões pela internet.

    Agora, o líder da quadrilha, Lucas Fernando Simões, pode ser preso em qualquer um dos 195 países que fazem parte do organismo internacional.

    A informação foi confirmada à CNN pelo delegado Erick Sallum, responsável pelo pedido junto à Interpol.

    O homem conseguiu escapar em 23 de abril deste ano, na véspera de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal para prendê-lo. Ele foi para Miami, nos Estados Unidos, onde tem lojas de aluguel de veículos.

    No dia da operação, a Polícia Civil cumpriu 12 mandados de prisão, dez de busca e apreensão, bloqueio de 50 contas bancárias dos investigados e a derrubada de 540 domínios de sites falsos. Ao todo, 61 pessoas na investigação.

    As prisões foram realizadas em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo (SP).

    Como era o esquema

    Segundo a Polícia Civil do DF, o grupo criminoso alvo da operação já operava há pelo menos cinco anos com o golpe do falso site de leilão de carros. Para operacionalizar o esquema, os criminosos selecionavam websites reais de famosas empresas do ramo de leilão de veículos. Então, clonavam esses sites, criando outros idênticos.,

    Contudo, apenas trocavam a extensão do endereço eletrônico. Isto é, os verdadeiros sites possuíam terminação “com.br” e os clonados tinham o exato mesmo nome e aparência, mas com a terminação “.net”. Depois de clonar os sites, os criminosos pagavam empresas de marketing digital para impulsionar os endereços falsos em mecanismos de pesquisa como o Google.

    Assim, quando uma pessoa procurava pela empresa real, nos primeiros resultados da lista de pesquisa aparecia o site clonado e não o verdadeiro.

    As pessoas induzidas ao erro entravam no site falso e passavam a conversar com os criminosos pensando estar lidando com a empresa real, aponta a investigação.

    Nos sites clonados havia telefones de contato e as vítimas interagiam com o grupo pelo WhatsApp sendo levadas a crer que negociavam com a empresa real até fazer os depósitos dos lances.

    Até mesmo falsas notas de arrematação eram enviadas para as vítimas que só percebiam o golpe meses depois quando o carro nunca era entregue, oportunidade em que já não conseguiam mais contato, pois os criminosos haviam bloqueado o telefone.

    O escritório dos criminosos era uma sala alugada num prédio comercial de Santo André, que foi alvo das buscas.

    Segundo o delegado Erick Sallum, os autores batiam ponto das 8h às 18h nessa sala, trabalhando o dia inteiro dando golpes em vítimas em todo o Brasil como se realmente fossem uma empresa.

    “O que essa operação cabalmente demonstra é como a criminalidade moderna funciona, ou seja, às sombras sob o manto da anonimização digital. É essencial, portanto, que se compreenda a importância da atividade de Polícia Judiciária e se incremente o investimento em inteligência e capacitação técnica”, aponta o delegado.

    Investigação

    Os investigadores conseguiram mapear cerca de 540 websites maliciosos que eram mantidos em estoque pelo mesmo grupo criminoso. Depois de usar um mesmo nome falso em muitos golpes, essa empresa começava a ficar “queimada” em sites de reclamação. Então, ele era retirado do ar e inseriam um novo de outra empresa ainda desconhecida.

    Em muitos deles até mesmo o brasão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios era usado para dar um verniz de credibilidade e para os golpistas dizerem-se autorizados para atuar nessa área.

    Apenas na delegacia do Lago Norte, em Brasília, responsável pela investigação, foram registradas dez ocorrências com prejuízos somados de R$ 470 mil. Estima-se, todavia, que existam centenas de outras vítimas espalhadas por todo território nacional.