Brasil tem 479 mortos pelas chuvas desde o ano passado, aponta levantamento da CNN
Rio de Janeiro é o estado com maior número de vítimas
Segundo um levantamento da CNN, 479 pessoas morreram no Brasil desde o ano passado em decorrência das chuvas.
Até o momento, o Rio de Janeiro é o estado com o maior número de vítimas. Somando os dados da região de Petrópolis e da Baixada Fluminense, somente neste ano, foram 264 mortes por essa causa.
No caso mais recente, em Pernambuco, pelo menos 91 pessoas perderam a vida por conta dos temporais. Além dessas, outras duas mortes decorrentes do mesmo fator ocorreram no estado nos primeiros meses do ano.
Apenas a região Sul não registrou mortes provocadas por chuva no período analisado pela CNN.
Eventos extremos estão se tornando mais frequentes, afirma climatologista
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (30), o climatologista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) Carlos Nobre, analisou as condições que levam o país ao cenário atual.
“Nós estamos vendo os eventos extremos se tornarem mais frequentes e até mesmo mais extremos. Recordes têm sido batidos em todo o mundo e, também, no Brasil.”
Em relação a Pernambuco, o especialista explicou que há alguns eventos contribuindo para as fortes chuvas: o aumento da temperatura das águas oceânicas próximas à região nos últimos dias, a atuação das chamadas “ondas de Leste”, que vêm da África e a presença dos ventos alísios.
O pesquisador ressaltou, no entanto, que os fatores naturais não foram os únicos que levaram à tragédia.
“Na hora que os alertas chegaram para a Defesa Civil, o ideal era que as dezenas de milhares de pessoas morando em áreas de risco tivessem saído, fossem para escolas, fossem para lugares seguros, até que as chuvas passassem”, explicou.
Nobre analisou ainda os impactos ao clima causados pela degradação da Floresta Amazônica.
Nós estamos na véspera, na beira do precipício do ponto de não retorno para a Amazônia, porque os desmatamentos, infelizmente, aumentaram muito nos últimos, principalmente nos últimos três anos e meio, e a degradação florestal também.
Carlos Nobre