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    Brasil tem 32 milhões de crianças vivendo na pobreza, segundo o Unicef

    Campanha Brasil sem Fome ressalta importância da boa alimentação na infância para o desenvolvimento humano e educacional

    Todos os dias, em média, 11 crianças menores de cinco anos são internadas por desnutrição no Brasil
    Todos os dias, em média, 11 crianças menores de cinco anos são internadas por desnutrição no Brasil Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    Isabelle Salemeda CNN

    em São Paulo

    Ao menos 32 milhões de meninas e meninos vivem na pobreza no Brasil, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o que corresponde a 63% do total.

    Além disso, os números mostram que o percentual de crianças e adolescentes que viviam em famílias com renda abaixo da linha de pobreza extrema (menos de 1,9 dólar por dia) alcançou em 2021 o maior nível dos últimos cinco anos: 16,1%.

    Já o número de crianças e adolescentes privados uma alimentação adequada passou de 9,8 milhões para 13,7 milhões, entre 2020 e 2021. Um aumento de 3,9 milhões.

    Para tentar reverter esse quadro, a Ação da Cidadania lançou nesta semana, pelo terceiro ano consecutivo, a campanha Brasil sem Fome. O objetivo é arrecadar e distribuir alimentos para famílias em todo o país, como forma de assegurar o direito à alimentação adequada, principalmente na primeira infância. Nos dois últimos anos, a campanha arrecadou 22 mil toneladas de alimentos.

    “Betinho [idealizador da campanha, que começou em 2002] já dizia que a democracia é incompatível com a miséria. Enquanto houver o desafio de superar a fome no país, não há como garantir que outros direitos sejam cumpridos. Se um cérebro saudável usa 20% da energia do corpo e essa energia vem dos alimentos, como uma criança com fome será capaz de aprender e ter bom rendimento escolar? Um corpo funciona em sua plenitude quando está nutrido. E o crescimento saudável só é possível com um Brasil sem fome”, ressalta Rodrigo Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.

    Um levantamento divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), em parceria com a Ação da Cidadania, revelou que a fome no país dobrou nas famílias com crianças menores de dez anos e hoje está presente em 18,1% das casas com moradores dessa faixa etária. Além disso, em 37,8% das residências brasileiras onde moram crianças menores de dez anos, há insegurança alimentar grave ou moderada.

    Fome por região do Brasil

    A situação é ainda mais grave no Norte do país, onde 40% das casas com moradores nesta faixa de idade sofrem com a falta de comida, e no Nordeste, onde famílias de 7 dos 9 estados também passam por situações parecidas.

    Outro dado alarmante aponta que, todos os dias, em média, 11 crianças menores de cinco anos são internadas por desnutrição no Brasil, a maior média desde 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em informações obtidas através do Ministério da Saúde. A região Nordeste concentra 36% dos casos, superando os demais estados do país.

    Além da falta de alimento, tem também a má qualidade dos produtos, que são mais baratos mas também promovem a desnutrição.

    “A falta de dinheiro para comprar alimentos e a diminuição da qualidade do que é consumido são fatores que confirmam a desigualdade social. Ainda que mães e pais deixem de comer ou tenham a alimentação reduzida para que os filhos sejam beneficiados, a associação entre desenvolvimento infantil e efeitos da nutrição irregular podem resultar em menor escolaridade e, consequentemente, menos oportunidades de trabalho, menor produtividade e salários mais baixos. Deixar que a fome impeça a realização de sonhos é uma violação da dignidade humana”, diz Afonso.

    Cenário no Brasil

    O Brasil chegou a deixar o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014. No entanto, oito anos depois, a ONU anunciou o retorno do país a essa condição. Segundo a organização, a prevalência da insegurança alimentar grave atingiu 15,4 milhões de brasileiros, ou seja, 7,3% da população, entre os anos de 2019 e 2021.

    Uma pesquisa da Rede Penssan mostrou que, atualmente, 33,1 milhões de brasileiros vivem com fome no Brasil.

    As doações para a campanha devem ser feitas no site www.brasilsemfome.org.br.