Belém terá 222 dias de calor extremo em 2050, projeta estudo; no início do século, eram menos de 50
Análise de dados foi feita pelo jornal The Washington Post e pela organização sem fins lucrativos CarbonPlan


As mudanças climáticas estão aumentando o número de dias excessivamente quentes no mundo, de acordo com uma análise de dados climáticos feita pelo jornal The Washington Post e pela CarbonPlan, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve publicamente dados e análises climáticas.
No Brasil, que enfrenta nesta semana uma onda de calor sufocante, os próximos anos podem ser ainda mais difíceis. Segundo a publicação, em 2050, a capital do Pará, Belém, terá 222 dias com calor extremo — o aumento mais acentuado de qualquer grande cidade analisada.
Para fins de comparação, nos anos 2000, o município brasileiro tinha menos de 50 dias de calor extremo por ano
As instituições responsáveis pelo levantamento utilizaram como temperatura mínima 32ºC, em uma forma aproximada de “temperatura de globo de bulbo úmido”, uma métrica que combina temperatura, umidade, luz solar e vento.
Nestas condições, até adultos saudáveis poderiam sofrer estresse térmico durante 15 minutos de prática de atividade física ao ar livre, por exemplo.
Das grandes cidades analisadas, a com o maior número de dias de calor extremo em 2050 será Pekanbaru, na Indonésia. A estimativa é de que sejam 344 dias extremamente quentes. Em 2000, eram pouco mais de 300.
A análise mostra ainda que, no ano de 2050, mais de 5 bilhões de pessoas estarão expostas a pelo menos um mês de calor extremo, que oferece riscos à saúde quando expostas ao sol. Isso deve significar mais da metade da população do planeta em 30 anos.
Desigualdade social
Apesar de as mudanças climáticas afetarem todo o mundo, a análise da CarbonPlan indica que os riscos serão maiores para os países pobres, em regiões já quentes, como o Sul da Ásia e a África Subsaariana.
“Os recursos parecem muito diferentes”, disse Tamma Carleton, professora assistente de economia ambiental na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. “A história do calor é a desigualdade.”
Os especialistas associam as mudanças climáticas a grandes catástrofes, como inundações, incêndios e furacões.
No caso do calor, embora os riscos sejam mais silenciosos, as consequências podem ser extremas, incluindo mortes.
Segundo um estudo de pesquisadores de institutos de saúde europeus, cerca de 61 mil pessoas podem ter morrido durante ondas de calor na Europa entre o final de maio e o início de setembro de 2022.
Veja fotos dos impactos das mudanças climáticas
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Aumento das ocorrências de mudanças climáticas devido a ação do homem vem causando danos e eventos climáticos extremos • BC Wildfire Service/Reuters
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Agentes da Defesa Civil em ação conjunta com equipes de resgate no entorno das casas da Vila Sahy, em São Sebastião, após fortes chuvas em fevereiro de 2023 • Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
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Trabalhadores usam máquinas para reabrir a galeria pluvial que foi afetada na rodovia Rio-Santos (SP-55), em São Sebastião, após fortes chuvas no litoral de São Paulo • Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
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Rastro de destruição causado pelas fortes chuvas, no bairro do Itatinga, região central de São Sebastião, em fevereiro de 2023 • Baltazar/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Incêndios no Canadá impactam em diversas regiões do mundo em julho de 2023 • Handout/Anadolu Agency via Getty Images
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Fumaça ascende com incêndio em floresta no Quebec, Canadá • 12/06/2023Cpl Marc-Andre Leclerc/Canadian Forces/Handout via REUTERS
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Floresta destruída pelo fogo na província de Nova Scotia, no Canadá • Erin Clark/The Boston Globe via Getty Images
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Fumaça de queimadas no Canadá afeta qualidade do ar na cidade de Nova York, no final de junho de 2023 • Fatih Aktas/Anadolu Agency via Getty Images
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Região afetada pelo ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul em julho de 2023 • Reprodução/Paulo Pimenta
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Ciclone extratropical danificou casas e galpões no Rio Grande do Sul em julho de 2023 • Defesa Civil/RS
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Imagem de destruição em Concórdia, em Santa Catarina, após passagem de ciclone em julho de 2023 • Defesa Civil
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Turistas se refrescam em uma fonte em frente ao Panteão em Roma, Itália, em 14 de julho de 2023; Europa registrou recorde de calor • Riccardo De Luca/Anadolu Agency via Getty Images
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Seca provocou queda nos níveis de reservatório de água na Inglaterra • Christopher Furlong/Getty Images
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Vista aérea mostra barco encalhado na represa La Boca devido a uma seca no norte do México, em Santiago • 08/08/2022REUTERS/Daniel Becerril
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Caminhão passa por ponte em cima do reservatório de água Canelón Grande em meio a seca histórica no Uruguai, em maio de 2023 • 18/05/2023 REUTERS/Mariana Greif
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Carro submerso em rua alagada por enchente no Kentucky • 28/07/2022Pat McDonogh/USA TODAY NETWORK via REUTERS
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Homem observa seu carro preso na enchente no Kentucky, Estados Unidos • USA Today via Reuters
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Projeto captura retrato aéreo de mais de 50 geleiras dos Alpes do Sul da Nova Zelândia em uma época semelhante a cada ano para rastrear como elas mudam • NIWA
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Rio Yamuna, afluente do Ganges, atingiu o maior nível de sua história, inundando várias regiões • Money Sharma/AFP/Getty Images