Bauru, no interior de São Paulo, decreta estado de emergência por escassez de água
Cidade tem 40% dos 380 mil habitantes em regime de racionamento
Mesmo com as chuvas atingindo parte do interior de São Paulo, a Prefeitura de Bauru decretou estado de emergência nesta sexta-feira (12) devido à crise hídrica. A cidade, de 380 mil habitantes, tem 40% dos moradores em regime de racionamento, com água na torneira apenas um em cada quatro dias.
A lagoa de captação do rio Batalha está praticamente seca. Ante uma média histórica de 136 milímetros de chuva em novembro, nos primeiros 11 dias deste mês, não caiu uma gota de água na cidade.
O decreto assinado pela prefeita Suéllen Rosim (Patriota) será publicado neste sábado. “Como medida de enfrentamento a esse período difícil, decretei estado de emergência por escassez de água. Com essa medida, vamos acelerar as ações imediatas para colocar água na casa de quem precisa, nos próximos dias”, disse.
Entre as medidas previstas está um aumento na frota de caminhões-pipa para levar água de poços diretamente para os reservatórios que abastecem os bairros. O decreto autoriza o Departamento de Água e Esgoto (DAE) a retirar água de poços particulares.
A prefeita informou que estão sendo perfurados poços para complementar o abastecimento. O objetivo é reduzir a dependência do rio Batalha, que vem perdendo vazão nos últimos anos. Quando o rodízio no abastecimento foi iniciado, em abril, o nível da lagoa abastecida pelo rio era de 2,08 m.
Mesmo com o racionamento e as chuvas de setembro e outubro, o nível baixou ainda mais, chegando a 1,95 m nesta sexta-feira. Conforme o DAE, se não chover, pode ser preciso endurecer ainda mais o racionamento. Com a entrada de água atual, a lagoa tem capacidade para apenas dois dias de operação plena, até secar.
Chuvas escassas
Com as chuvas escassas e mal distribuídas, outras cidades do interior estão com o abastecimento comprometido. Em Valinhos, o Departamento de Águas e Esgotos manteve o racionamento devido ao baixo índice de chuvas que não permitiram a recuperação dos mananciais que abastecem a cidade.
A prefeitura de São José da Bela Vista também manteve o racionamento, apesar da melhora nas condições da represa que abastece a cidade. Os moradores de Santa Cruz das Palmeiras contam com abastecimento apenas parcial.
Monitoramento realizado pelo Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) mostra que os rios da região estão com o nível parecido com o da crise hídrica de 2014/15.
Nesta sexta, o rio Piracicaba, um dos principais do interior, estava com vazão de 14,24 metros por segundo, quando o esperado seria de 81,64 m3/s. O nível das águas no centro da cidade era de 0,87 metro, quase metade da média histórica de novembro, de 1,67 m. A última chuva na cidade foi no dia 1º deste mês, de apenas 3,75 milímetros.
Cantareira
O Sistema Cantareira, que abastece 7,6 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, entrou em alerta de escassez hídrica no dia 13 de agosto, quando operava com 39% da capacidade, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
As chuvas esperadas ainda não vieram e em outubro, o sistema entrou em nível de restrição. Nesta sexta, o sistema operava com 27,3% da capacidade. Este mês, choveu apenas 32,5 mm na região das represas, ainda longe da média histórica de novembro, de 149 mm. Conforme a Sabesp, não há risco de desabastecimento porque outros sistemas produtores, com mais água, estão interligados.
Em razão da crise hídrica, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) abriu licitação, na quinta-feira (12), para a perfuração de 141 poços profundos em 125 municípios paulistas não atendidos pela Sabesp.
O processo prevê a contratação de uma empresa de engenharia para executar o serviço em um período de seis meses. A perfuração dos poços deve atender 2,1 milhões de habitantes. Cada poço terá um reservatório metálico com capacidade para até 200 mil litros de água. A entrega deve acontecer no primeiro semestre de 2022.