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    Baixada Santista tem 34% das mortes por intervenção policial no estado, diz Defensoria Pública de SP

    Das 47 mortes por ocorrências envolvendo policiais, 16 foram no litoral

    Bianca CamargoCamilla Salesda CNN , São Paulo

    Relatório da Defensoria Pública do Estado de São Paulo mostra que 34% das mortes por intervenção policial aconteceram na Baixada Santista, no período de 1º janeiro e 1º fevereiro. O documento foi enviado Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) na última sexta-feira (1º).

    Foram registradas 47 mortes por ocorrências envolvendo policiais no estado, dessas 16 foram nas cidades de Cubatão, Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande. Segundo o relatório, “há uso desproporcional da força nessas operações nessa região”. Os números das mortes por policiais em serviço foram coletados da pasta.

    O relatório ainda aponta que sete das mortes aconteceram em um intervalo de cinco dias, entre 28 de janeiro e 1 de fevereiro, e ocorreram “após a morte do policial Marcelo Augusto da Silva na região de Cubatão, o que confirma a correlação clara entre a vitimização de policiais em serviço e o aumento da letalidade policial na mesma região após a intensificação de operações policiais”.

    O núcleo teve acesso também a sete boletins de ocorrência das nove mortes ocorridas na Baixada Santista durante a Operação Verão, iniciada em janeiro deste ano após a morte de policiais militares na região.

    E em meio às investigações foram identificados que não há menção ao uso de câmeras policiais em, pelo menos, 4 documentos, em que estão envolvidos policiais da rota – um dos batalhões já equipados com as câmeras e que há repetição da versão policial em todas as ocorrências com mortes.

    A defensoria deixa claro que iniciou essa investigação ainda durante a operação escudo, no ano passado, para acompanhar mortes decorrentes de intervenção policial e na época, 25 boletins de ocorrência foram analisados, o que permitiu chegar a uma conclusão “há uma padronização de comportamento que excede os parâmetros legais sobre o uso da força por agentes de segurança”, diz documento.

    O Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria realizou uma visita em três comunidades da Baixada e recebeu relatos de 24 pessoas sobre violência institucional.

    As visitas foram na Vila Teimosa/Vila Sonia em Praia Grande, Vila dos Pescadores em Cubatão e Vila dos Criadores em Santos.

    “O ingresso irregular em domicílio sem mandado judicial e a presença ostensiva em ambientes de aglomeração de policiais com o uso de armamento pesado, principalmente em horários de chegada e saída de crianças para as escolas. Houve denúncias também de abordagens policiais que não estavam justificadas pela fundada suspeita. Na realidade o que essas comunidades relatam além de pedir paz e respeito, é justamente o cenário de terror instaurado por conta dessa presença policial ostensiva”, diz Surraily Youssef, defensora pública e coordenadora do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos.

    O documento traz o relato de alguns moradores a partir de um pseudônimo para que a identidade seja preservada, em que eles apontam as abordagens policiais,

    Uma das pessoas falou que seu filho de 10 anos e mais três amigos estavam brincando na frente da associação de moradores e os policiais apontaram fuzil para eles. As crianças, então, entraram na associação para buscar abrigo.

    Outro relato traz que “ele apontou a arma para mim e pediu para eu levantar a camisa e virar de costas. Ele disse que estava tudo bem e pediu para eu continuar o caminho. A presença policial aumentou aqui na comunidade, nunca tinham me revistado antes como aconteceu agora. Consideramos desnecessária essa presença policial, não somos ladrões. Não é porque moramos em uma comunidade que fazemos coisas erradas”, diz depoimento.

    Em nota enviada à CNN, a SSP-SP diz que a pasta enviou a Defensoria Pública do Estado na sexta (1º) os esclarecimentos solicitados em relação à operação. “A pasta ressalta que todos os casos de morte em confronto são rigorosamente pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas Corregedorias, do Ministério Público e Poder Judiciário, que inclusive têm acesso às imagens das câmeras corporais portáteis (COPs) utilizadas pelos PMs envolvidos nas ocorrências”, afirma nota.

    Operação Verão

    A Polícia Militar de São Paulo deflagrou, em 2 de fevereiro, a Operação Verão na região da Baixada Santista, no litoral de São Paulo. Motivada pela morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, em Santos, a operação já registra 39 suspeitos mortos.

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