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    Atribuir apagão à privatização da Eletrobras é politizar discussão, diz professor

    À CNN Rádio, Edmar Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, ressaltou que não há elementos que permitam fazer este tipo de associação

    Ricardo GouveiaBel Camposda CNN , em São Paulo

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    A declaração do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que a privatização da Eletrobras “fez muito mal” ao sistema elétrico não se baseia em evidências, mas em alinhamento ideológico, segundo Edmar de Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio.

    Almeida considera prematuras quaisquer conclusões sobre o apagão da última terça-feira (15). “Acredito que é uma questão de politização, de tentar tirar o foco do problema”, disse Almeida em entrevista à CNN Rádio.

    “Que decisão foi essa feita por essa nova gestão da Eletrobras? Qual é a relação entre as duas coisas? Fazer esta ilação sem nem saber as causas do acidente só pode ter uma motivação política. Não tem nenhuma evidência que permite conectar as duas coisas”, prosseguiu.

    O professor ressaltou que uma investigação detalhada é fundamental para evitar que a falha se repita.

    “Costumo dar exemplo da queda de um avião. Quando cai um avião, a gente tem que fazer uma investigação detalhada para saber se tem algum problema técnico ou equipamento que falhou e, após essa investigação, as empresas que fabricam aviões vão decidir se algum equipamento precisa passar por mudanças tecnológicas para que isso não venha a acontecer mais”, explicou.

    A investigação vai ser conduzida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

    Como o apagão aconteceu?

    O apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31, da terça-feira, no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em dez minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.

    Dados do ONS mostram que o Brasil registrava 73.484,7 MW às 8h30 no horário de Brasília em trajetória de alta – exatamente como acontece todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema cai repentinamente cerca de 7%.

    Apagão Gráfico ONS
    Gráfico da Operador Nacional do Sistema (ONS) mostra queda no momento do apagão que atingiu o Brasil nesta terça-feira (15) / Reprodução/Operador Nacional do Sistema (ONS)

    A perda de carga continua nos minutos seguintes até as 8h40, quando o sistema registra a menor carga do dia, de 54.383,7 MW.

    Os dados do SIN mostram que houve, em dez minutos, perda de carga de mais de um quarto da energia do sistema. A partir das 8h41, a carga volta a subir gradativamente.

    Segundo o analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, o Norte foi a região que mais sofreu com o apagão, com uma queda de 83,8% da carga em pouco mais de dez minutos.

    No Nordeste, a carga do sistema caiu 44,4%. No subsistema Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi de 19% após o apagão e a queda chegou a 15,5% na região Sul – a que menos sofreu com o apagão.

    O que provocou o apagão?

    De acordo com o ONS, às 8h31, houve uma “ocorrência” – termo utilizado pela entidade para definir qualquer evento ou ação que leve o Sistema Interligado Nacional (SIN) a operar fora de suas condições normais.

    O SIN é um sistema de grande porte que interconecta, em uma malha de transmissão, a energia elétrica gerada em usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas no país. O ONS é a entidade responsável por coordenar e controlar as operações do SIN.

    Esse sistema é formado por quatro “subsistemas” divididos pelas regiões do Brasil: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O estado de Roraima é o único ainda desconectado do SIN.

    Segundo o ONS, a ocorrência às 8h31 provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.

    Isso levou à “abertura das interligações entre essas regiões”. A “interligação elétrica” é como o ONS chama o conjunto de linhas de transmissão que conecta duas ou mais áreas do sistema.

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