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    Atlas da violência: homens negros morrem mais cedo que demais idosos no Brasil

    Homens negros são principais vítimas de homicídio mesmo após idade considerada de risco, dos 15 aos 29 anos

    Guilherme Gamada CNN*

    Os números do Atlas da Violência de 2023, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, nesta terça-feira (5), mostram que as mulheres morrem mais tarde do que os homens no país. Essa diferença é ainda maior quando a raça é considerada. Uma mulher não negra idosa morria 10,9 anos mais tarde do que um homem idoso negro, em 2021.

    A raça é o fator determinante para 58,7% da diferença constatada, enquanto o sexo responde pelos restantes 41,3%.

    Em 2019, esse desequilíbrio na mortalidade por sexo e raça era de quase 13 anos. A redução, nesta última edição, é devida à diminuição da desigualdade racial no Brasil. A pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considera a população negra como pardos e pretos, como classifica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Na população com 60 anos ou mais, a mortalidade por agressão é aproximadamente 41% mais elevada para negros do que para não negros, em 2021: 16,6 óbitos por agressão por 100 mil habitantes, para negros, e de 9,0, para não negros.

    Homens negros são principais vítimas de homicídio

    A pesquisa mostra que 77% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, o que contribui para a taxa de mortalidade de negros ser 10 vezes maior que a de não negros, em 2021. O risco de um negro morrer assassinado é quase o triplo de uma pessoa não negra morrer por essa causa.

    Mesmo depois de passar da idade considerada de risco, entre 15 a 29 anos, homens negros têm taxa de homicídio quase 10 vezes maior que mulheres não negras. Em 2021, 16,6 homens negros idosos a cada 100 mil habitantes morreram vítimas de agressão, contra menos de duas mulheres, na mesma escada.

    Entre 2011 a 2021, a taxa de morte por causa violentas ou externas caiu cerca de 40% para idosos não negros e apenas 23,4% para idosos negros.

    Já entre 2020 e 2021, o número de homicídios de homens não negros idosos foi o único a registrar queda, de quase 9%. Nesse período, a taxa entre as mulheres negras idosas cresceu em 18,9%.

    Mortes por queda aumentam na pandemia

    Durante a pandemia da Covid-19, os óbitos por queda na população idosa aumentaram no país, mas o crescimento foi ainda maior entre a população negra. Entre os não negros, a a taxa foi de 17,0% e de 18,3% para homens e mulheres, respectivamente.

    Na faixa etária de 60 anos ou mais, as mortes por acidente de transporte foi maior entre os homens negros (36,8 a cada 100 mil habitantes), comparada a de homens não negros (30,3 a cada 100 mil habitantes), em 2021. Já entre as mulheres a taxa não ultrapassa 7 mortes na mesma escala.

    *Sob supervisão de Bruno Laforé

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