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    Ataque de tubarão em Ubatuba pode ser efeito de mudança climática, diz pesquisador

    Oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, David Zee apontou que o mar é o principal termômetro para notarmos os efeitos das mudanças climáticas no planeta

    Beatriz Puenteda CNN , no Rio de Janeiro

    Em meio às discussões globais sobre as mudanças climáticas na COP26, episódios locais já revelam os impactos na natureza. Um ataque de tubarão a um turista francês, em Ubatuba, no litoral norte paulista, na última semana, foi o primeiro acidente do tipo registrado em 30 anos, segundo o Instituto Argonauta.

    O oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, David Zee, explicou à CNN que os fatores climáticos podem ter contribuído para o ataque. Como a região já tem um índice pluviométrico alto, ao que tudo indica, as chuvas intensificadas nas últimas semanas, facilitam uma saída maior de águas do fundo do oceano, geralmente trazidas da Antártica e, portanto, mais fria.

    Essa é a primeira possibilidade para o ataque, ou seja, a mudança de temperatura pode ter influenciado nas correntes marítimas, que levaram o animal para a região mais próxima da praia.

    No entanto, há uma segunda hipótese: a subida da água do fundo do mar trouxe novas matérias orgânicas, sais minerais e peixes como a sardinha. Logo, os peixes maiores seguem essa rota, assim como os tubarões, que também vão atrás de alimentos.

    Zee apontou que o mar é o principal termômetro para notarmos os efeitos das mudanças climáticas no planeta. Isso porque a atmosfera, que recebe o gás carbônico, troca diretamente com o oceano.

    “Mudanças climáticas começam na atmosfera, que faz muita troca com o mar diretamente, logo as cidades litorâneas estão mais vulneráveis. O continente é o último a sentir esses sinais, então quando notamos daqui é que a situação já está mais avançada lá”, ressaltou o oceanógrafo.

    O pesquisador chamou atenção para o fato de a COP26 pensar medidas globais, mas que já sofremos efeitos locais. “Os pequenos sinais de hoje são os grandes desastres de amanhã. Por isso temos que agir localmente, não adianta acompanhar a COP sem cobrar das autoridades locais”, finalizou Zee.

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