Após alegar ‘mentiras’ em carta, pai de Henry vai pedir assistente na acusação
Engenheiro Leniel Borel acusou a mãe do menino Henry Borel, Monique, de mentir em carta e agora pedirá um assistente na acusação
O engenheiro Leniel Borel, pai do menino Henry, leu, ainda na madrugada de domingo (25) para segunda-feira (26), a carta de 29 páginas escrita pela professora Monique Medeiros – mãe da criança e suspeita de ter participado de sua morte -, na qual ela faz um longo relato sobre a relação matrimonial com Leniel, as brigas com o vereador Dr. Jairinho – também suspeito de assassinar o garoto – e a morte do menino.
Monique viveu 10 anos ao lado de Leniel e está presa em um hospital penitenciário em Bangu com diagnóstico de Covid-19. Após ler a carta escrita pela professora, o engenheiro se disse “revoltado” com as “mentiras” contadas.
“Estou revoltado com mudanças de versões e com mentiras. Ela passava pra mim que estava tudo bem lá, por que ela não falou tudo isso antes?”, disse Leniel à CNN.
Ao longo das 29 páginas, ele encontrou informações que não acredita coincidirem com a realidade. A decisão do engenheiro foi de pedir um advogado como assistente de acusação. Para isso, ele indicou Leonardo Barreto, que o representa e vem estudando o caso.
O advogado afirmou à CNN que espera a denúncia ser oficializada pelo Ministério Público para que protocole junto ao juiz um pedido para acompanhar o processo do banco da acusação, como assistente dos promotores.
“O papel do assistente de acusação é colaborar com o Ministério Público, atuando ao lado dele em busca da justiça. Da mesma forma que fiz até agora, colaborando com a autoridade policial apresentando testemunhas fundamentais que deram novos rumos as investigações”, disse.
Sobre novas testemunhas, Barreto se refere a uma das ex-namoradas de Jairinho, que foi levada à delegacia para prestar depoimento por intermediação dos advogados de Leniel e relatou agressões a ela e à filha.
Em seu depoimento, a mulher disse que conheceu o pai de Henry pelo Instagram e que contou a ele que também havia sido vítima de Jairinho, assim como sua filha, que na época em que eles namoravam tinha 3 anos de idade – hoje tem 13.
Caso Nardoni
Se aprovado pelo juiz, Barreto seguirá os passos de Cristina Christo, nomeada para acompanhar da mesma posição o julgamento contra Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, respectivamente pai e madrasta da menina Isabella Nardoni, morta em 2008 aos 6 anos de idade.
Cristina também ajudou a convocar testemunhas para endossar as acusações contra Alexandre e sua esposa. Cristina foi escolhida pela mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, que falou com Leniel pelo telefone dias atrás.
A mãe de Isabella Nardoni e o pai de Henry Borel tem conversado sobre a dor da perda e o luto da ausência das crianças.
Com a ajuda da assistente de acusação indicada por Ana Carolina, o pai e madrasta de Isabella foram condenados a 31 e 26 anos de prisão respectivamente. Leniel espera que o advogado de acusação possa ajudar a condenar Monique e Jairinho se de fato os dois se tornarem réus.
‘Mentiras e mudanças de versões’
Entre as supostas mentiras apontadas por Leniel após ler a carta está o fato de Monique afirmar não mais tê-lo chamado de ‘Lê’. Isso teria sido motivo de revolta de Jairinho depois de ele ler mensagens no celular dela. “Mentira, nas últimas conversas comigo [logo antes de Henry morrer] ela me chamou de ‘Lê’”, afirmou o engenheiro.
Ele também cita o uso da palavra ‘moca’, que tinha sido citada em um depoimento por outra mulher que acusou Jairinho de agressões. “Monique nunca usou essa palavra”, disse.
Sobre a data em que ele teria tirado satisfações sobre o “abraço forte” de Jairinho em Henry, Monique disse que foi num domingo. “Era um sábado”, rebateu.
“Isso do Jairo ter ciúme de mim é novo, que ela apanhava é novo, que estava tomando remédio indicado por ele é novo… Ela passava pra mim que estava tudo bem lá. Na verdade, não só ela, Monique, a avó, a babá. Falar que não falaram pra mim por medo? Agora, por que não falou isso tudo antes? Por que não falou para mim? Pelo contrário, fala que estava tudo bem”, questionou o engenheiro.
“Comigo sempre estava bem, Henry feliz… E hoje vejo que meu filho estava sendo agredido com ciência desta mulher. As conversas no telefone dela com outras pessoas não são de uma mãe protetora.”
Os advogados de Monique alegam que ela não denunciou Jairinho antes porque sofria pressão, justamente por isso pediram novo depoimento. Eles também afirmam que Monique nunca presenciou agressão ao próprio filho.
A defesa da Monique disse à CNN que, por respeitar a dor da perda de Leniel, prefere não se manifestar nesse momento.