Anvisa recebe novas ameaças após aprovação de Coronavac para crianças
CNN teve acesso aos e-mails; de acordo com agência, já foram mais de 300 mensagens de ameaças desde o ano passado
Diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram a receber mensagens com críticas e ameaças nos últimos dias depois que a agência autorizou a aplicação da vacina Coronovac em crianças e adolescentes de seis a 17 anos, na última quinta-feira (20).
A Anvisa confirmou a informação e a CNN também teve acesso a dois dos e-mails recebidos pelos diretores. De acordo com a Anvisa, já foram recebidas mais de 300 mensagens do gênero desde o ano passado.
“O que está acontecendo com vcs?? Será que a ganância está falando mais alto que o bom senso e o amor a pátria?? É uma vergonha ver vcs que não poupam nem os pequeninos da ganância louca e o interesse mercenários. (…) Cuidado tudo que plantar colherá Deus pode tocar nos seus não se esqueçam, arrependam se senão o preço que vc vai pagar será altíssimo [sic]”, diz uma das mensagens.
“Lembre se lá em cima Deus contempla a todos e quando Deus tocar nos seus trazendo dor e sofrimento lembre se essa maldição foi vc mesmo que trouxe para dentro da sua família”, afirma o outro e-mail.
“E o preço a ser pago será terrível não quero estar na sua pele e oro a Deus em desfavor de todos que tem causado dor e sofrimentos ao seu próximo ,lembre se o próximo pode ser dentro de sua família (sic)”, continua o texto.
Em nota, a Anvisa informou que, desde o início, todas as ameaças recebidas estão sendo reportadas à Polícia Federal (PF). e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Até este sábado (22), desde a aprovação da vacina infantil da Pfizer, foram mais de 300 ameaças”, informou a assessoria de comunicação da agência.
“Depois da autorização de uso da Coronavac para crianças, passaram a chegar mais e-mails. A assessoria afirma que a Anvisa tem enviado todos os e-mails e ameaças para a Polícia Federal e para o Supremo Tribunal Federal”, continua a nota.
Histórico de ameaças
No fim do ano passado, a Agência já tinha recebido uma leva de e-mails com teor ameaçador, criticando a vacinação contra a Covid-19 para o público infantil. A CNN também teve acesso às mensagens à época.
Os recados vieram depois da primeira aprovação feita pela Anvisa, que liberou em 16 de dezembro o uso da Pfizer para crianças, e também de o presidente Jair Bolsonaro aparecer em público criticando a aprovação e chamando a a decisão de “inacreditável”, em 19 de dezembro.
Conforme apurou a CNN, as primeiras acusações – incluindo uma ameaça de morte aos diretores – começaram a chegar a representantes da agência ainda em outubro, quando a vacina infantil já estava sob análise.