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    ANP apura problema em combustível de aviação; pilotos relatam suspensão de voos

    Gasolina de aeronaves causaria corrosão no revestimento dos tanques de aeronaves de motores a pistão

    José Brito e Luiz Fernando Toledo, da CNN em São Paulo

    A Agência Nacional de Petróleo (ANP) abriu na noite nesta quarta-feira (8) uma investigação depois de ter sido alertada sobre uma denúncia de problemas com gasolina de aviação, a chamada AVGas, usada em aeronaves de motores a pistão. O combustível causaria corrosão no revestimento dos tanques. Atualmente há cerca de 13 mil aeronaves do tipo em operação no país.

    A aeronave de pequeno porte que caiu nesta quarta e matou o piloto Paulo Pereira, no Campo de Marte, zona norte de São Paulo, usava este tipo de combustível. Mas as autoridades dizem que ainda não é possível relacionar o acidente a esta situação.

    A denúncia foi feita pela Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Aopa Brasil) à Agência Nacional de Aviação Civil (anac). A CNN teve acesso ao documento.

    Nestes casos, a ANP pode colher amostras do combustível e, se identificar irregularidades, pode até mesmo suspender o abastecimento.

    Aviadores relataram à CNN que o abastecimento de AVGas no aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo, já estaria suspenso. “Tivemos de cancelar as operações de hoje e também as futuras até que o fornecimento seja retomado. Por segurança, também suspendemos os voos com as aeronaves que já tinham AVGAS em seus tanques”, disse um deles, que pediu para não ser identificado.

    Em nota, a Infraero afirma que “o fornecimento de combustíveis de aviação em seus aeroportos é feito por concessionárias comerciais, que exploram o serviço de abastecimento de acordo com as normas” da Anac e da ANP para o setor.

    “Qualquer alteração no fornecimento será determinada pelos concessionários ou pelos órgãos reguladores. Cabe à Infraero informar sobre a disponibilidade de abastecimento em seus aeroportos quando os operadores aéreos elaboram seus planos de voos”, acrescenta.

    A Anac emitiu um boletim de aeronavegabilidade aos operadores de aeronaves recomendando que, caso exista histórico ou evidências de contaminação, busquem imediatamente uma oficina de manutenção aeronáutica credenciada para uma avaliação mais detalhada. Segundo a agência, as oficinas devem reportar os casos ao Sistema de Dificuldade em Serviço (SDS).

    A gasolina de aviação era produzida em território nacional, mas recentemente passou a ser importada e alimenta milhares de aeronaves no país. Segundo a entidade, ocorrem relatos ao menos desde 2019, vindos de operadores e de oficinas mecânicas, de supostos índices excessivos de chumbo.

    Segundo o relato da Aopa, investigações realizadas na ocasião pela ANP, Petrobras e pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica, em diferentes amostragens não identificaram irregularidades.

    “No dia de hoje (7 de julho, data do documento da Aopa Brasil), porém, passaram a circular diversas informações, em redes sociais de operadores aeronáuticos, em diversas localidades e regiões do Brasil, dando conta da possível ocorrência de corrosões agressivas, aparentemente provocadas pelo combustível, que se apresentam em tanques de aeronaves, juntas, mangueiras, seletoras, bicos injetores, drenos e em outras partes e componentes”, diz o documento.

    À CNN, o presidente da entidade, Humberto Gimenes Branco, afirmou que essa questão pode prejudicar as operações aéreas. “Você não pode voar quando encontra um indício desse tipo”, disse.

    A Petrobras, em nota, afirmou que tomou conhecimento do problema técnico identificado pelo segmento de aeronaves de pequeno porte. “A companhia reforça que todos os produtos comercializados pela companhia atendem plenamente aos requisitos de qualidade exigidos pela ANP, que seguem padrões internacionais, e se prontifica em colaborar e contribuir, em um trabalho conjunto com a Anac, Cenipa, ANP e distribuidoras de combustível, na investigação das causas dos problemas relatados. A Petrobras esclarece também que não é a única importadora de GAV. A reforma da planta produtora de GAV sofreu atraso devido à interrupção das obras causada pela pandemia da Covid-19. A produção deverá ser reiniciada em outubro de 2020”, destacou.

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