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    Anestesista que estuprou grávida fez 90 cesáreas na rede pública estadual do RJ

    Maior número de cirurgias realizadas pelo médico não aconteceu no hospital onde ocorreu o flagrante

    Stéfano Sallesda CNN , no Rio de Janeiro

    O anestesista Giovanni Quintella Bezerra atuou em 90 cirurgias cesarianas em quatro unidades do governo do estado do Rio de Janeiro, no período de maio de 2021 a julho de 2022.

    A informação é de um ofício da Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro, emitido por meio da Subsecretaria de Atenção à Saúde, enviado para resposta a um questionamento da Defensoria Pública fluminense sobre o caso.

    A maioria das cirurgias deste tipo realizadas pelo anestesista não ocorreu no Hospital Estadual Heloneida Studart, em São João de Meriti, onde o médico foi filmado e flagrado pela equipe ao estuprar uma parturiente, durante o parto, no episódio que o levou à prisão. Nessa unidade ele realizou 29 partos deste tipo.

    A maior parte dos procedimentos ocorreu no Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, cidade vizinha, também na Baixada Fluminense: 37.

    Na mesma região, em Duque de Caxias, ele realizou nove cesárias no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, estadual e, atualmente, administrado pela Prefeitura de Duque de Caxias. Os outros 15 ocorreram no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, Região Metropolitana.

    No último dia 19, o médico foi indiciado pela Polícia Civil por estupro de vulnerável, em caso conduzido pela Delegacia da Mulher de São João de Meriti.

    A decisão acompanha o entendimento do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que denunciou o médico no mesmo enquadramento. O fato, judicialmente, o transforma em réu.

    Giovanni Quintella Bezerra tem 32 anos e foi preso em 11 de julho em flagrante. O comportamento anestesista, com uso excessivo de anestésico e com a formação de uma cabana junto à cabeça da paciente, o que impedia que os demais profissionais pudessem observar sua atuação durante o parto.

    Por isto, após tentativas frustradas de filmá-lo, a equipe média optou por mudar de sala de cirurgia para a realização de um novo procedimento deste tipo. No novo espaço, foi mais fácil filmá-lo e confirmar o flagrante.

    As imagens registradas, que a CNN optou por não exibir, mostram o momento que Giovanni Quintella Bezerra passa o pênis no rosto da paciente, quando ela está sedada e deitada em uma maca.

    Em seguida, ele introduz a genitália na boca da vítima e, ao terminar, limpa os vestígios com uma gaze. O processo completo do crime dura cerca de dez minutos.

    Antes da cirurgia, o médico pediu que o pai da criança, marido da vítima, deixasse a sala de parto, o que é considerado por especialistas uma violação à lei do acompanhante. A legislação permite que a parturiente seja acompanhada antes, durante e após o procedimento por uma pessoa de sua confiança e escolha.

    O médico está preso desde 11 de julho. No dia seguinte, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, durante audiência de custódia. Anualmente, o médico está no presídio de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

    A CNN tenta localizar a defesa de Giovanni Quintella Bezerra. No primeiro momento, o escritório do advogado Hugo Novais assumiu o caso, mas informou que não comentaria o quadro até ter acesso integral aos autos. No entanto, no mesmo dia, divulgou depois uma nota, na qual informou ter deixado o processo.

    O médico foi suspenso pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que abriu processo ético-disciplinar contra o anestesista. A SES informou, na ocasião, ter aberto uma sindicância e notificado o Cremerj, e que a direção do Hospital da Mulher Heloneida Studart presta todo apoio à vítima e familiares.

    Procurada pela CNN, a secretaria diz que “acionou todas as unidades da sua rede para levantar em quais o anestesista Giovanni Quintella Bezerra atuou. Todos os hospitais retornaram com as informações, assim como o Hospital Adão Pereira Nunes, que hoje está sob gestão da Prefeitura de Duque de Caxias”.

    A pasta informou também que “equipes da Superintendência de Unidades Próprias da SES estiveram nessas unidades e verificaram cada um dos prontuários de pacientes atendidas pelo anestesista. Todas as informações solicitadas pela Defensoria Pública foram respondidas”.

    “A SES ressalta ainda que, desde a prisão do anestesista, a Fundação Saúde, responsável pela gestão do Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart (HMulher), abriu sindicância para apurar a atuação dele. O procedimentos está em andamento.”

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