Análise: marketing de influência e justiça climática são termos rivais?
Cerca de 70 influenciadores participaram de expedição a uma comunidade indígena na Amazônia para entender como o marketing de influência pode ser uma ferramenta de transformação social e ambiental
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Expedição de influenciadores a comunidade indígena na Amazônia • Edgar Azevedo/Divulgação
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Expedição de influenciadores a comunidade indígena na Amazônia • Edgar Azevedo/Divulgação
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Na última semana, cerca de 70 influenciadores, artistas e jornalistas realizaram uma imersão na comunidade indígena Puyanawa, no Acre.
A iniciativa é da Creators Academy, plataforma idealizada por Kamila Camilo e Raull Santiago, ambos ativistas sociais, ambientais e empreendedores periféricos.
Kamila e Raull também podem ser considerados como “bridge makers”, criadores de pontes entre pessoas de universos opostos que buscam unir esforços em prol de causas emergenciais.
Vídeo: Saiba onde fica a maior reserva indígena do país
Foi com essa visão de mundo que eles criaram o projeto que tem como objetivo atender ao chamado urgente do planeta sobre justiça climática, aquecimento global e povos originários.
Como comunicadores, eles sabem o poder do marketing de influência e o impacto em suas respectivas comunidades. Mas como fazer uso de influenciadores como ferramenta de transformação social e ambiental?
Pesquisas apontam que, no Brasil, a força dos influenciadores sobre o público é intensa: dados da Statista indicam que cerca de 43% da população consideram a opinião de um influenciador digital.
Segundo relatório especial do Edelman Trust Barometer 2022, 59% afirmam que a Geração Z tem influência sobre como geram mudanças e apoiam as causas com as quais se importam. E 70% da mesma geração em todo o mundo diz estar envolvida em causas sociais e políticas.
Com base nessas percepções e nos trabalhos desenvolvidos em campo, Kamila e Raull desenharam o modelo de atuação da Creators Academy. Para eles, era imprescindível tornar a pauta climática algo menos “técnico” e com real presença na vida das pessoas. E o mais importante, garantir uma conexão respeitosa com os povos indígenas e com a floresta.
Para Kamila “a gente só cuida do que conhece”, por isso promover esta vivência é a essência do projeto que está em sua segunda edição.
“Essa imersão é sobre sentir. Todo discurso técnico a gente acha na internet, agora sentir o que sentimos não está disponível online. Nosso objetivo é fazer com que a pauta chegue a espaços e rodas de conversas nunca imaginados, fora do radar, do senso comum”, ressalta Kamila Camilo.
Raull entende que é fundamental usar a potência das redes sociais para tornar a pauta climática algo próximo das pessoas. Para essa missão, eles também contam com o coletivo PerifaConnection como articulador da Creators.
No primeiro dia de imersão, a programação contou com uma roda de conversa com especialistas e pessoas que vivem esta realidade de perto, como Eliane Brum, Txai Macedo, Angela Mendes, Angélica Mendes, Raiara Barros e Alcimaria da Silva.
No dia seguinte o Cacique Joel e o povo Puyanawa receberam os influenciadores na aldeia. Logo na chegada, os visitantes foram convidados a tomar um banho de ervas no Igarapé, uma limpeza espiritual na tradição da comunidade indígena.
Outros momentos emblemáticos marcaram a vivência do grupo, como uma trilha na mata fechada e conversas com o cacique, nas quais os influenciadores como Nathalia Arcuri, Rincon Sapiência e Cris Guterres tiveram a oportunidade de fazer perguntas.
Os criadores de conteúdo também viveram o dia a dia dos povos indígenas e conheceram as formas de plantio, processos dos alimentos e participação em cerimônias, algo inédito para a maioria dos influenciadores que vivem numa realidade urbana.
Sobre o futuro da Creators Academy, Kamila afirma que a plataforma promoverá o fortalecimento da rede de influenciadores, que hoje contempla aproximadamente 120 pessoas. A ideia é que nesse processo de desenvolvimento elas sigam engajadas com a agenda climática.
O projeto já possui planos para 2024: a imersão deverá acontecer no Pará com um número ainda maior de criadores de conteúdo e jornalistas, dessa vez expandindo também para pessoas de outros países da América Latina.
Para Kamila, é fundamental ampliar a agenda pan-amazônica, considerando que todos os países que possuem território amazônico estejam engajados.
Outro pilar da estratégia é olhar como o mercado de comunicação irá se colocar diante da Creators Academy e tentar contribuir da melhor forma como um hub de formação dentro da agenda de clima e florestas, replicando, inclusive, esse modelo para outros territórios que precisem de visibilidade.