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    Amapá é o estado com maior taxa de mortes por policiais, aponta anuário

    Dados de 2022 apontam a polícia amapaense como a mais letal do Brasil, seguida por Bahia, Rio de Janeiro, Sergipe, Pará e Goiás

    Bruno LaforéLéo Lopesda CNN , em São Paulo

    O Amapá é o estado brasileiro com a maior taxa de mortes decorrentes de intervenções policiais, aponta o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base em dados de 2022.

    Os dados constam no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano.

    “Amapá segue tendo a mais alta taxa de letalidade policial do Brasil, seguido por Bahia, Rio de Janeiro, Sergipe, Pará e Goiás. Em contrapartida, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia e Piauí têm taxas menores que 2 mortes causadas pela polícia para cada 100 mil habitantes”, apontam Dennis Pacheco e David Marques, pesquisadores do FBSP.

    Amapá é o estado com maior taxa de mortes por policiais, aponta anuário
    Amapá é o estado com maior taxa de mortes por policiais, aponta anuário / 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública

    Os pesquisadores apontaram que dois indicadores colaboram na compreensão da intensidade do uso da força pela polícia: a proporção de mortes provocadas por policiais em relação ao total de mortes violentas intencionais (MVI) e a relação entre o total de mortos pela polícia e o total de policiais assassinados.

    Segundo os dados do anuário, mais de uma em cada três mortes violentas intencionais no Amapá foi causada pelas polícias. E no Paraná, por exemplo, aconteceram 479 mortes por policiais para cada policial assassinado.

    “É evidente que o confronto faz parte da atuação policial e o uso da força é constituinte da profissão, contudo, a desproporcionalidade do uso da força está suficientemente evidente em ambos os indicadores, assim como a grande heterogeneidade entre as unidades da federação, que é historicamente consolidada e sinaliza concentração territorial e institucional da letalidade policial no Brasil”, afirma o anuário.

    “Algumas polícias são muito mais violentas que outras. Amapá, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Sergipe seguem sendo as polícias que mais fazem uso abusivo da força no país”, complementa.

    Em recorte de raça e idade, em 83,1% das mortes por intervenção policial a vítima é negra, contra 16,6%, branca. Além disso, a maioria das mortes acontece na faixa etária de 18 a 24 anos (45,4%) e 25 a 29 anos (22,7%).

    A ampla maioria das mortes por policiais acontece em via pública, representando 68,1% dos casos, contra 15,8%, em residência, e 16,1%, em outros locais.

    “Jovens negros, majoritariamente pobres e residentes das periferias, seguem sendo alvo preferencial da letalidade policial e, em resposta a sua vulnerabilidade, diversos estados seguem investindo no legado de modelos de policiamento que os tornam menos seguros e capazes de acessar os direitos civis fundamentais à não discriminação e à vida”, afirmam os pesquisadores.

    Brasil teve menor número de mortes violentas em 11 anos e queda de 2,4% em relação a 2021

    O Brasil registrou 47.508 mortes violentas intencionais em 2022, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

    É a menor taxa desde 2011, início da série histórica monitorada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo estudo. Naquele ano, o país registrou 47.215 mortes.

    O número de 2022 ainda representa uma queda de 2,4% em relação a 2021, quando 48.431 pessoas morreram. Os dados mostram que o país registra, em média, 23,4 mortes violentas por 100 mil habitantes.

    As mortes violentas intencionais incluem vítimas de homicídio doloso, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais, além de policiais assassinados.

    Conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mesmo pequena, a queda é positiva e precisa ser realçada. Entretanto, os dados também revelam limites metodológicos e problemas que devem ser destacados, sob o risco de a população ser induzida a acreditar na ideia de que o país é mais seguro.

    “Ainda somos uma nação violenta e profundamente marcada pelas diferenças raciais, de gênero, geracionais e regionais que caracterizam quem são e onde vivem as vítimas da violência letal”, cita a entidade no estudo.

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