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    Alunos da rede pública são maioria entre os calouros da USP

    Pela primeira vez, Universidade de São Paulo tem mais da metade dos ingressantes vindos de escolas públicas

    Rodrigo Maia, da CNN, em São Paulo

    O perfil dos novos alunos da USP (Universidade de São Paulo) este ano é histórico e traz à tona uma discussão relevante para a educação brasileira: a política de reserva de vagas nas instituições públicas.

    Em 2021, 10.992 vagas foram preenchidas na USP e 5.678 são alunos que vieram de escolas públicas, 51,7% do total. É o maior percentual atingido pela universidade desde 1995, quando a instituição passou a registrar o perfil dos ingressantes.

    Porcentagem de calouros vindos de escolas públicas
    Foto: CNN

    O reitor da USP, professor Vahan Agopyan, avalia que “essa inclusão tem sido extremamente significativa para a universidade se enriquecer mais e interagir ainda mais com a sociedade. Essa é uma tarefa muito importante: dar oportunidade a esses jovens, que são muito talentosos.”

    O ingresso de estudantes da rede pública na principal instituição de ensino superior do Brasil é fundamental para que as desigualdades presentes na educação sejam diminuídas. Os jovens de todas as classes sociais não podem perder o direito de sonhar. Cursar Medicina em uma instituição particular, por exemplo, pode custar mais de 10 salários mínimos por mês, realidade que deixa o estudante sem a oportunidade de lutar pelo “sonho de ser médico”.

    Mesmo com um cenário histórico, com maioria de ingressantes vinda das escolas públicas, o desafio de incluir os mais pobres continua. A renda média dos calouros segue acima de cinco salários mínimos. 

    Perfil socieconômico de renda familiar
    Foto: CNN

    Para que a inclusão de pessoas de baixa renda no ensino superior aconteça, uma combinação de políticas estruturais precisa ser colocada em prática. O investimento na estrutura das escolas, a formação contínua do professor, a democratização do acesso à informação, a inserção da tecnologia no ambiente escolar e uma gestão que tenha condições de acompanhar a realidade de cada aluno são apenas alguns exemplos do que precisa ser feito.

    Diferentemente da USP, que confirmou a reserva de vagas em 2017, as universidades federais já implementaram essa política, oficialmente, em 2012. Por essa razão, a inclusão de alunos com renda familiar mais baixa está adiantada.

    Um estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revela que 70,2% dos estudantes de universidades federais pertencem a famílias de baixa renda. Deste total, pouco mais de 52% têm renda de até um salário mínimo.

    Em relação aos estudantes pretos, pardos e indígenas (PPI) vindos da rede pública, o índice se manteve o mesmo nos últimos dois anos: 44,1%. Na perspectiva do total de vagas da USP, os ingressantes desse grupo representam 27,4%.

    Estudantes fazendo vestibular da USP
    Estudantes fazendo vestibular da USP
    Foto: Marcos Santos/USP Imagens