Aldir Blanc morre em decorrência de COVID-19 no Rio
O artista estava hospitalizado desde o dia 10 de abril, quando deu entrada com quadro de infecção generalizada na CER do Leblon
Morreu na madrugada desta segunda-feira (4), o compositor e escritor Aldir Blanc, de 73 anos, vítima de complicações causadas pela COVID-19.
O artista estava hospitalizado desde o dia 10 de abril, quando deu entrada com quadro de infecção generalizada na CER do Leblon e, cinco dias depois, foi transferido para o Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio.
Aldir Blanc é um dos principais compositores da música brasileira e é parceiro de nomes como João Bosco, Guinga e Moacyr Luz. Suas músicas foram gravadas por Elis Regina, Beth Carvalho, Alcione, dentre outros nomes.
Perfil
Aldir Blanc Mendes nasceu no Rio de Janeiro em 2 de setembro de 1946. Formado em medicina com especialização em psiquiatria, em 1973 abandonou a área médica para se dedicar apenas à música.
Ganhou destaque como letrista na parceria com João Bosco, compondo músicas como “Bala com Bala” (sucesso na voz de Elis Regina), “O Mestre-Sala dos Mares”, “De Frente Pro Crime” (sucesso na voz de Simone) e “Caça à Raposa”.
Uma de suas canções mais famosas, em parceria com João Bosco, é “O Bêbado e a Equilibrista”, lançada em 1979. A música, também gravada por Elis, se tornou uma espécie de hino contra a ditadura militar.
Nos versos “Choram Marias e Clarisses”, ele cita as viúvas Maria, mulher de Manuel Fiel Filho, e Clarisse Herzog, mulher de Vladimir Herzog, ambos mortos pela repressão do regime militar. Já o trecho “Brasil que sonha… com a volta do irmão do Henfil”, faz referência a Herbert José de Sousa, o Betinho, irmão de Henfil, exilado de 1971 até 1979, no Chile, Canadá e México.
Suas primeiras experiências musicais de sucesso, no entanto, vieram anos antes. Em 1968, escreveu a música “A noite, a maré e o amor”, junto com Sílvio da Silva Júnior, que apareceu no III Festival Internacional da Canção.
Em 1969, “De esquina em esquina” (com César Costa Filho), interpretada por Clara Nunes; “Nada sei de eterno” (com Sílvio da Silva Júnior), defendida por Taiguara; e “Mirante” (com César Costa Filho), interpretada por Maria Creuza, foram suas composições no II Festival Universitário da Música Popular Brasileira.
Em 1970, no “V Festival Internacional da Canção”, classificou-se com a composição “Diva” (com César Costa Filho). Neste mesmo ano, “Amigo é pra essas coisas” em parceria com Sílvio da Silva Júnior, interpretado pelo grupo MPB-4, com o qual participou do “III Festival Universitário de Música Popular Brasileira” fez grande sucesso.
Além do campo musical, Blanc publicou em 2006 o livro “Rua dos Artistas e transversais”, que reúne seus livros de crônicas “Rua dos Artistas e arredores” (1978) e “Porta de tinturaria” (1981), e ainda traz outras 14 crônicas escritas para a revista “Bundas” e para o “Jornal do Brasil”.