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    Água escura em Alter do Chão pode ter impacto “em escala global”, diz pesquisador

    Mudança no uso do solo - como desmatamento, mineração ilegal e o agronegócio - pode levantar sedimentos tóxicos que são arrastados para o mar

    Duda CambraiaGiovanna GalvaniLayane Serranoda CNN , em São Paulo

    As águas da região conhecida como “Caribe amazônico” não estão translúcidas como de costume, e especialistas temem que efeitos sejam sentidos em uma escala nacional e global.

    A explicação é do pesquisador Tommaso Giarrizzo, coordenador do Grupo de Ecologia Aquática da Universidade Federal do Pará (UFPA), que comentou possíveis motivos da alteração das águas de Alter do Chão (PA) à CNN nesta quinta-feira (20).

    Segundo Giarrizzo, a água “barrenta” pode ser resultado de “um efeito cumulativo de impactos que estão ocorrendo” – que vão desde a ocorrência de uma estação chuvosa na região até a modificação no uso do solo em toda a Bacia do Tapajós, incluindo o desmatamento, mineração ilegal e agronegócio.

    “A preocupação é muito grande estão sendo levantadas varias hipóteses, mas não temos o motivo ou a fonte que esta gerando a alteração da cor da água”, declarou.

    “Na bacia do Tapajós, há um conjunto de impactos antrópicos que geram modificação na qualidade da agua, e isso vai ter um efeito cumulativo – especialmente o desmatamento, que ocorre nas cabeceiras do rio Tapajós, o agronegócio, a construção de barragens, portos, os processos de queimadas”, explicou.

    O pesquisador explicou que o conjunto das atividades acaba por gerar erosão no solo da região, e que esse processo acarreta na acumulação de sedimentos – uma explicação possível para a água escura em Alter.

    Para Tommaso Giarrizzo, o problema torna-se não apenas local, mas global, quando se considera o potencial tóxico do solo arrastado pelas chuvas até Alter do Chão e, posteriormente, às águas do mar.

    Com isso, toxinas presentes nos processos citados, incluindo o mercúrio da mineração ilegal, podem chegar até os animais do rio e à população.

    “Não adianta se preocupar em garantir qualidade ambiental em Santarém se os municípios e estados que drenam o rio não têm uma gestão ambiental. Essa água chega também no oceano. Os efeitos vão sendo diluídos e dispersos em uma escala geográfica que não é nem nacional, é realmente global”, disse.

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