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    Água do mar escura pode ser reflexo de mudanças climáticas, dizem especialistas

    “Em 30 anos estudando o mar, nunca vi fenômeno tão sucessivo”, destaca pesquisador David Zee sobre às águas do Rio de Janeiro

    Camille Coutoda CNN , no Rio de Janeiro

    A cor do mar do Rio de Janeiro mudou nas últimas semanas. As manchas escuras podem ser vistas na extensão da costa fluminense, desde a cidade do Rio até Arraial do Cabo, na região dos lagos.

    Segundo especialistas, a mudança na coloração da água é causada por um fenômeno natural de proliferação de algas marinhas. Porém, o que está chamando atenção, é a duração e a extensão do acontecimento.

    David Zee, engenheiro e oceanógrafo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) disse que apesar do fenômeno ser classificado como natural, ele ainda precisa analisado. Mas acredita que se trata de um acontecimento que será permanente, no qual mudanças climáticas podem ter contribuído.

    “No início do ano ia chover e não choveu. Quando a chuva chegou, lavou a cidade e levou os resíduos para o mar. Dentro desse contexto, também podemos citar a ressurgência da água do fundo do oceano, o que também explica a sensação térmica mais fria da água. Ela é rica em nutrientes minerais e orgânicos, ajudando ainda mais no fornecimento de material orgânico e proliferação das algas. Contudo, em 30 anos estudando o mar, nunca vi fenômeno tão sucessivo”, declara Zee.

    Segundo o biólogo Mario Moscatelli, “em Arraial do Cabo, que o mar tem uma aparência mais azul foram vistas manchas vermelhas, logo no início do fenômeno. Há semanas venho acompanhando essa situação. Geralmente, ele dura cerca de 10 dias.”

    O biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano, Ricardo Gomes, explica que a cor escura do mar pode ser atribuída a fatores que estão acontecendo ao mesmo tempo e começaram há três meses.

    “A água está mais escura e mais fria por conta de ventos de leste. Mas paralelamente a isso, a gente tem também, nesse mesmo período, a floração de algas vermelhas. Isso tem a ver com o fenômeno, no qual as microalgas encontram a condição ideal para se proliferarem, de temperatura e luminosidade. Geralmente isso ocorre no verão, mas está acontecendo agora. Elas geralmente encontram nutrientes, que muitas vezes é o próprio esgoto não tratado que acaba indo parar no mar geando essa eutrofização.”

    O fenômeno ainda está sendo analisado e até o momento não foram encontradas algas tóxicas. Porém, especialistas alertam sobre a necessidade de órgãos de controle acompanharem para saber se não há riscos de efeitos nocivos na liberação de toxina das dessas algas.

    A CNN também procurou o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e questionou se o órgão está fazendo essa análise, mas não teve retorno até o momento.

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