Afegãos dizem ter sido agredidos e chamados de “terroristas” em São Paulo
Ofensas foram ditas por homem que abordou mulher com os filhos pequenos no centro da cidade
Um casal de afegãos refugiados no Brasil diz ter sido vítima de um ataque de islamofobia na tarde do dia 18 em uma rua do bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência a que a CNN teve acesso, a mulher afegã, que usava os trajes típicos de sua religião, estava com seus dois filhos pequenos a caminho da escola para buscar seus outros dois quando foi abordada a gritos por um homem, que “proferiu palavras como “terrorista” e “Hamas”.
De acordo com a denúncia, o marido dela, que chegou em casa no momento da situação, “interferiu em defesa” da mulher e dos filhos. Um motociclista, que passava pelo local no momento do ocorrido, parou para prestar assistência ao casal e impediu que o agressor se aproximasse.
Ainda segundo o registro na polícia, pessoas que passavam pela região e funcionários de um mercado disseram que o homem sempre profere ofensas às pessoas no bairro.
O caso foi relatado para uma facilitadora da ONG Panahgah, que acompanha o casal desde que eles chegaram ao Brasil, com o auxílio da organização, há cerca de quatro meses.
A ONG afirmou à CNN que considera esse caso um fato isolado. A organização pretende iniciar uma campanha educativa para desatrelar a imagem de muçulmanos de episódios de terrorismo.
A entidade reforça que o casal veio ao Brasil justamente para fugir de terroristas e viver em paz.
Segundo Sindy Nobre Santiago, advogada e fundadora da Panahgah, a família está com medo devido ao episódio. “Acho que junta com tudo o que passaram no Afeganistão, violência, perseguição, trauma. Então, com uma experiência horrível destas, fica ainda pior.” Este foi o único caso de violência explícita contra uma das famílias assistidas pela ONG, de acordo com a fundadora.