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    Abaixo-assinado pede derrubada de estátua de Borba Gato em São Paulo

    Borba Gato era um bandeirante escravocrata. A manutenção de monumentos que retratam personagens históricos controversos tem provocado debate ao redor do mundo

    Roberta Russo, , da CNN, em São Paulo

    A discussão sobre a manutenção de monumentos públicos que retratam personagens históricos controversos tem provocado debate nos EUA e no Reino Unido — e agora também no Brasil. A estátua do bandeirante Manoel Borba Gato em São Paulo é um dos monumentos que causam polêmica no país por representar figuras escravocratas da história brasileira. Em 2016, a estátua foi depredada. Nesta semana, começou a circular um abaixo-assinado pedindo que seja derrubada.

    O escritor Laurentino Gomes, autor de obras sobre a escravização no país, defendeu no Twitter que as obras sejam mantidas.

    “Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do bandeirantes Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra. Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, escreveu.

    Nas últimas semanas, a discussão ganhou mais força após os protestos antirracistas que se espalharam pelo mundo a partir da cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, onde George Floyd, um homem negro, foi morto asfixiado por um policial branco. Depois dos protestos, começou a onde de ataques a monumentos do Reino Unido como parte do repúdio ao racismo.

    As cenas na cidade britânica de Bristol rodaram o mundo no último domingo: manifestantes derrubaram e lançaram no rio Avon uma estátua de Edward Colston, sob gritos de comemoração. O empresário fez fortuna no passado transportando mais de 100 mil pessoas negras escravizadas do oeste da África para antigas potências coloniais europeias no Caribe e nas Américas entre 1670 e 1680. O monumento havia sido erguido no século XIX.

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    Nos Estados Unidos, duas estátuas de Cristóvão Colombo foram alvo de depredação na noite da última terça-feira (9). Parte dos protestos dos últimos dias tem tido como alvo monumentos que simbolizam o passado imperialista do país, considerado ofensivo para minorias étnicas, além daqueles que representam figuras ligadas à escravidão e à Guerra Civil.

    Em Richmond, no estado da Virgínia, um grupo derrubou a estátua de Colombo que ficava no parque Byrd. As pessoas enrolaram o monumento em uma bandeira, à qual atearam fogo, e o jogaram dentro de um lago.

    Cristóvão Colombo, apresentado em livros escolares como “o descobridor da América”, é considerado por muitos como um dos responsáveis pelo genocídio dos povos indígenas, e denunciado também por ter defendido a escravidão.

    Guilherme Dias, guia e pesquisador da Caminhada “São Paulo Negra”, que reúne grupos com visitas pela cidade com objetivo de resgatar a memória do povo negro na capital paulista, diz acreditar que a reflexão sobre as estátuas é importante e deveria gerar mais interesse das pessoas pela história.

    “A população negra é 54% da população brasileira. Então, conhecer a história dessa população é, na verdade, conhecer a história do Brasil. A gente precisa ter outras narrativas contadas. Isso foi sistematicamente apagado. Na escola, a gente aprende pouco, na geografia das cidades isso não é ensinado. Isso é parte do todo para que o racismo seja vencido”, afirma.

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