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    À CNN, Brazão diz não temer delação no caso Marielle: “Seria fanfarronice”

    Conselheiro do TCE-RJ nega ser mandante de crime e afirma que não conhecia a vereadora, Anderson Gomes nem Ronnie Lessa

    Pedro DuranThayana AraújoElijonas Maiada CNN

    O ex-vereador, ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão disse à CNN não temer uma delação contra ele no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e que isso seria uma “palhaçada” e uma “fanfarronice”.

    Em depoimentos de negociação de delação premiada, o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de assassinar Marielle e o motorista Anderson Gomes, apontou duas outras pessoas que teriam envolvimento no crime, entre elas, Domingos Brazão. Segundo fontes ouvidas pela CNN por dentro das investigações, Lessa apontou Brazão como mandante.

    “Não tenho medo de delação contra mim. Isso seria um troço descabido. Não tenho medo nenhum caso haja. Zero. Se eu tivesse algum envolvimento, por acaso eu conseguiria esconder?”, disse ele à CNN.

    “Eu não conhecia a vereadora Marielle, muito menos o Anderson, tampouco o Elcio e até mesmo o Ronnie Lessa. Não tenho nenhuma relação com essas pessoas”, completou Brazão.

    A CNN apurou que os depoimentos de Ronnie Lessa aconteceram em Campo Grande (MS), fora do presídio federal, onde ele está preso, e fazem parte da negociação de delação, que tramita desde o fim do ano passado, mas sem finalização ou homologação.

    A Polícia Federal está na fase de comprovar o que foi dito por Lessa e a possível delação precisa de aprovação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde está o caso, como revelou a CNN em outubro.

    Brazão tem foro privilegiado por ser conselheiro do TCE-RJ. Até agora não há delação premiada de Ronnie Lessa homologada pelo órgão. Brazão disse duvidar da eventual homologação da delação pelo STJ.

    “Eu não sou mandante nem da Marielle, nem do Anderson, nem de ninguém. Então se esse marginal, o Ronnie Lessa, falou isso, nós vamos ficar com a seguinte questão: a quem interessa? A quem eles estão protegendo? Porque você pode ter certeza que a mim e à minha família não é. Eu não tenho a menor preocupação com isso, além do aborrecimento e do desgaste”, disse. “Isso caso eles tenham realmente feito isso e caso o STJ acredite nessa palhaçada, nessa fanfarronice deles”, completou.

    O conselheiro do TCE disse ainda que não vai se afastar ou se licenciar do cargo. “Nós somos da política e a gente cria amigos e inimigos. Inclusive aproveitadores. […] Vejo com espanto, ao mesmo tempo tenho que seguir o meu trabalho”, disse ele.

    O advogado de Ronnie Lessa disse não ter conhecimento da assinatura de uma delação e já ameaçou sair do caso se o cliente assinar acordo.

    O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, já foi delatado também por Élcio de Queiroz, ex-policial que está preso em Brasília. Essas informações foram comprovadas e o acordo foi homologado pela Justiça. Essa é a única delação do caso até o momento. Queiroz também delatou, na parte que está sob sigilo, o contraventor Bernardo Bello.

    Prazo para conclusão do inquérito

    Ontem, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que ainda não há um prazo para a conclusão das investigações, mas disse acreditar que a finalização do inquérito esteja próxima.

    “Legalmente, não existe prazo para acabar a investigação porque é uma investigação complexa. Há estimativas de que a investigação está próxima do final, tangibilizar dias ou meses não é possível neste momento”, afirmou Dino.

    O ministro também disse que as investigações sobre o assassinato da vereadora avançaram desde que a Polícia Federal (PF) entrou no caso.

    “A Polícia Federal é uma das melhores do mundo, a entrada dela no caso há um ano, por determinação minha, fez com que houvesse uma colaboração mais estreita com o MPRJ”, disse o ministro.

    Conflito de terras na Zona Oeste do Rio

    A Polícia Federal apura ainda se a morte de Marielle foi motivada por uma disputa de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

    Com base em depoimentos, incluindo o de envolvidos no assassinato, investigadores apuram se a atuação da vereadora por moradia para populações carentes teria relação com o assassinato.

    Segundo agentes que trabalham no caso, havia uma disputa para a regularização de um condomínio e a vereadora trabalhava para que a região fosse classificada como de interesse social.

    A suspeita é de que o mandante do assassinato tinha interesses comerciais e queria evitar que o poder público inviabilizasse a construção de imóveis de alto padrão.

    (Com informações de Gustavo Uribe)