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    A cada desastre natural no Brasil, em média, 3,4 mil pessoas são afetadas

    Em 2022, prejuízos financeiros causados por extremos ambientais somam mais de R$ 72 bilhões

    Lucas Janoneda CNN , Rio de Janeiro

    A cada desastre natural ocorrido no Brasil em 2022, cerca de 3,4 mil pessoas foram afetadas diretamente. Foi o que a reportagem da CNN apurou, com base em um levantamento produzido pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). No estudo, foram contabilizados os desalojados, desabrigados, vítimas fatais e pessoas afetadas pelas estiagens.

    Os dados mostram que quase oito milhões de brasileiros foram afetados por catástrofes ambientais nos primeiros três meses deste ano. Enquanto isso, no mesmo período analisado, foram contabilizadas 2,2 mil ‘anormalidades’ ambientais no país, como aponta o relatório.

    Entre os eventos adversos, as secas e estiagens foram as mais recorrentes, sendo responsáveis por 40% dos problemas ambientais no Brasil em 2022. Já as fortes chuvas, as enxurradas, as inundações e os alagamentos representam, juntos, 15,7% das ocorrências. Os vendavais e os deslizamentos também aparecem na lista com um percentual de 3,2% e 1,3%, respectivamente.

    O estado de Minas Gerais foi o mais afetado por catástrofes ambientais, com 8 mil eventos ao longo dos primeiros meses do ano. Logo em seguida aparecem Bahia, Paraíba e Santa Catarina, que totalizam 14 mil anormalidades. O Rio de Janeiro também aparece como destaque negativo, com quase 1,5 mil desastres.

    No estado fluminense, os principais problemas foram referentes ao volume de chuvas e aos deslizamentos.

    Na primeira semana de abril, o Rio de Janeiro registrou chuvas torrenciais em diversas regiões do estado. Pelo menos 20 pessoas morreram em diversos municípios fluminenses, segundo os dados da Defesa Civil. Já no mês anterior, a cidade de Petrópolis, município serrano do estado, registrou o maior volume pluviométrico dos últimos 90 anos. Nesta tragédia, 241 pessoas morreram e mais de 2,7 mil imóveis foram diretamente atingidos, segundo o Corpo de Bombeiros.

    Para o pesquisador e biólogo, Mário Moscatelli, o cenário atual é um “filme de terror”. Ele destaca que as tragédias ambientais serão cada vez mais comuns, caso políticas públicas não sejam adotadas.

    “O aquecimento global deixa um rastro que nós já estamos percebendo. São tragédia consecutivas e vamos ter cada vez mais dilúvios, desabamentos caso políticas públicas não sejam tomadas. Nós temos o exemplo de Ilha Grande, cidade do Rio de Janeiro, que teve os maiores níveis de chuvas da história. Extremos climáticos serão cada vez mais comuns e precisamos nos adaptar ou mais brasileiros irão morrer. É um filme de terror”, disse Moscatelli.

    Problemas econômicos batem recorde

    A pesquisa da CNM aponta que os prejuízos financeiros causados por desastres naturais no Brasil somam mais de R$ 72 bilhões em 2022 – recorde anual alcançado em apenas quatro meses, entre janeiro e abril. Em 2021, durante os 12 meses, o montante despendido foi de R$ 60,3 bilhões.

    “É um dinheiro que poderia ser destinado para a prevenção e modernização das cidades, e não para tratar a consequência dos problemas. Caso fosse corretamente investido, esse valor poderia salvar vidas. Só pra termos nossa do prejuízo, o orçamento do estado do Rio de Janeiro prevê uma arrecadação de R$ 92 bilhões em 2022. Ou seja, o valor gasto com prejuízos ambientais está muito próximo de tudo que o estado fluminense espera receber até o fim do ano. Em comparação com o orçamento anual de São Paulo, estado mais rico do país, os valores gastos com eventos naturais representam um terço da economia anual”, explicou à CNN, o coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira.

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