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    61% das cidades gaúchas foram atingidas por eventos climáticos nos últimos 2 meses, diz estudo

    Cerca de um milhão de hectares de áreas usadas para produção agropecuária foram afetadas. 20% de regiões campestres também

    Rua alagada em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul
    Rua alagada em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul 20/11/2023. REUTERS/Diego Vara

    Beatriz Alvesda CNN*

    Quase dois terços dos municípios do Rio Grande do Sul foram atingidos, em maior ou menor grau, pelos eventos extremos nos últimos dois meses, é o que aponta uma nota técnica produzida pelo MapBiomas.

    O mapeamento de áreas afetadas foi elaborado com análise de imagens de satélites, obtidas por sensores óticos e de radar, em um período anterior e após as fortes chuvas, resultando na observação de 61% de cidades atingidas.

    No total, a área atingida por desastres — como deslizamentos de terra, enxurradas, alagamentos e inundações — nos últimos dois meses foi equivalente a 5,6% (15.778 km²) dos 281.748 km² de extensão do estado.

    Ao todo, 298 municípios tiveram pelo menos 1% de áreas afetadas pelas enchentes. Destes, 73 tiveram mais de 10% e 34 com mais de 20%.

    As cidades de Canoas e Nova Santa Rita tiveram mais da metade dos territórios prejudicados: 50,1% e 52,5%, respectivamente.

    De acordo com a nota, as áreas que são usadas pela produção agropecuária foram as mais atingidas, sendo mais de um milhão de hectares ocupados por essas atividades no estado.

    Áreas urbanas

    Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 234 tiveram sua área urbana atingida. Os mais afetados foram:

    • Eldorado do Sul (66%)
    • Mampituba: (49,5%)
    • Canoas (42.4%).

    Ao todo, 5% das áreas urbanas no estado foram atingidas no total.

    Chuvas

    De acordo com a nota técnica do Mapbiomas, eventos climáticos como vendavais e chuvas intensas são mais frequentes no Rio Grande do Sul durante as estações da primavera e outono.

    O estado também sofre com a influência dos fenômenos El Niño e La Ninã, que provocam instabilidade no clima.

    Em anos de La Ninã, pode haver queda no volume de chuvas e aumento de estiagens.

    Em temporada de El Niño, as chuvas tendem a aumentar, podendo chover em um único dia o equivalente à média mensal.

    Além da tragédia deste ano, o estado também já passou por três eventos de tempestades severas em 2023:

    • Junho: No Vale do Rio dos Sinos e no Litoral Norte
    • Setembro: Vale do Rio Taquari-Antas
    • Novembro: Vale do Taquari-Antas e Caí.

    O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) referente aos períodos de 1961-1990 e de 1991-2020 confirmam que praticamente todas as regiões do estado já apresentaram mudanças, algumas delas com até 300 mm de aumento na precipitação anual entre os dois períodos.

    As chuvas dos últimos dois meses foram extremas tanto em volume, quanto em intensidade. Registros da Agência Nacional de Águas (ANA), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que elas superaram 500 mm, em duas semanas, em boa parte do estado. Em alguns locais, totalizaram mais de 1000 mm, o que provocou a cheia e a rápida subida dos níveis dos rios.

    Veja o estudo completo aqui.

    *Sob supervisão de Bruno Laforé