Obras de arte que seriam devolvidas à Rússia são apreendidas na Finlândia devido a sanções
Alfândega finlandesa confiscou três carregamentos de pinturas e esculturas com a justificativa de que são "bens de luxo", itens que fazem parte das sanções europeias impostas à Rússia
Obras de arte no valor de US$ 46 milhões (aproximadamente R$ 219 milhões) foram apreendidas pela alfândega finlandesa em seu retorno à Rússia, de acordo com um comunicado da agência governamental na quarta-feira (7).
A alfândega disse que, devido às sanções da União Europeia, confiscou três carregamentos de pinturas e esculturas russas no fim de semana em Vaalimaa, um ponto de passagem na fronteira sudeste. A obra estava retornando à Rússia via Finlândia depois de fazer parte de exposições internacionais na Itália e no Japão.
“É importante que a aplicação das sanções funcione de forma eficaz”, disse Sami Rakshit, diretor do departamento de fiscalização da alfândega finlandesa, em um comunicado.
“A aplicação de sanções faz parte de nossas operações normais e sempre direcionamos nossos controles com base em riscos. As remessas que agora estão sob investigação criminal foram detectadas como parte de nosso trabalho habitual de fiscalização”.
Os confiscos foram justificados sob a premissa de que a obra de arte se qualifica como “bens de luxo”, que estão incluídos nas sanções da UE contra a Rússia. De acordo com a alfândega finlandesa, o Ministério das Relações Exteriores finlandês confirmou que a lista de sanções da UE contém um parágrafo sobre obras de arte.
O senador russo Sergey Tsekov, membro do Comitê de Relações Exteriores do Conselho da Federação, disse à mídia estatal russa RIA Novosti na quarta-feira que a “apreensão extrajudicial” da obra de arte pela Finlândia equivale a “roubo”.
Parece que toda a Europa, não apenas a UE e a Otan, enlouqueceu. Agora as obras de arte pertencentes à Rússia não podem retornar à sua terra natal, aos museus russos.
Sergey Tsekov, senador russo e membro do Comitê de Relações Exteriores do Conselho da Federação
A RIA Novosti, citando o Ministério da Cultura da Rússia, disse que a obra fazia parte de dois projetos de exposição na Itália – um em uma galeria na Praça Scala de Milão e um no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Udine. Eles foram emprestados da Galeria Estatal Tretyakov da Rússia e do Museu Estatal de Arte Oriental.
Outras peças do Museu Estadual de Belas Artes Pushkin de Moscou estavam voltando do Japão, onde estavam em exibição no Museu da Cidade de Chiba, em Tóquio.
A alfândega finlandesa disse no comunicado que “as obras de arte estão sendo armazenadas com consideração geral por seu valor, características e segurança”, e que uma investigação está em andamento.
Os líderes europeus vêm implementando uma série de sanções à Rússia, com medidas aumentando nos últimos dias após as atrocidades vistas em Bucha, perto de Kiev.
Embora as sanções tenham sido amplamente projetadas para atingir a economia da Rússia, a influência cultural do país também está sendo reduzida.
Desde que Moscou invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, o mundo da arte cancelou shows e pressionou as instituições de arte da Rússia.