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    Herdeiros de judeus querem obra de Picasso vendida para fugir de nazistas

    Em processo judicial, descendes do casal Adler buscam devolução da obra-prima ou compensação proporcional ao valor de mercado, que chega ao US$ 200 milhões

    Toyin Owosejeda CNN

    Uma das pinturas do período azul de Pablo Picasso está no centro de um processo judicial entre uma família de judeus e o Museu Guggenheim, de Nova York.

    Os herdeiros de Karl Adler e Rosi Jacobi querem a repatriação da obra-prima de 1904 do artista, “Woman Ironing (La repasseuse)”, que eles afirmam ter sido vendida pelo casal sob coação enquanto tentavam escapar da perseguição dos nazistas em sua terra natal, a Alemanha, em 1938.

    O processo, aberto na Suprema Corte de Manhattan na sexta-feira, afirma que Adler adquiriu a obra de arte em 1916 do dono da galeria de Munique, Heinrich Thannhauser, mas a vendeu bem abaixo do valor para o filho de Thannhauser, Justin, em 1938, por aproximadamente US$ 1.552.

    O processo alega que Adler, desesperado, sofreu uma perda substancial devido às circunstâncias de sua família.

    “Adler não teria se desfeito da pintura na época e pelo preço que o fez, mas pela perseguição nazista à qual ele e sua família foram e, poderiam continuar, a ser submetidos”, diz o documento.

    No processo, os parentes afirmam que Adler era presidente do conselho de administração da principal fabricante de couro da Europa, mas as coisas mudaram quando o “regime nazista na Alemanha destruiu suas vidas”.

    Em 1938, a família fugiu da Alemanha, viajando pela Holanda, França e Suíça antes de se estabelecer permanentemente na Argentina, afirma o processo.

    “Os Adler precisavam de grandes quantias de dinheiro apenas para obter vistos de curto prazo durante o exílio na Europa. Incapazes de trabalhar, fugindo e sem saber o que o futuro lhes reservava, os Adler tiveram que liquidar o que podiam para rapidamente levantar o máximo possível de dinheiro vivo”, afirma o processo.

    Os herdeiros alegam que Thannhauser estava “lucrando” com o infortúnio dos judeus alemães. Eles também alegam que “Thannhauser estava bem ciente da situação de Adler e sua família, e que, sem a perseguição nazista, Adler nunca teria vendido a pintura quando o fez por tal preço”, de acordo com o processo.

    Rosi Adler morreu em 1946, em Buenos Aires, aos 68 anos, e seu marido, Karl, morreu aos 85 anos em 1957, durante uma visita à sua terra natal.

    “Woman Ironing” permaneceu na coleção de arte de Thannhauser até sua morte, em 1976. O quadro foi presenteado, junto com o resto de sua coleção, ao Guggenheim em 1978.

    Os descendentes de Adler, junto com várias organizações sem fins lucrativos e organizações judaicas nomeadas como demandantes na ação coletiva, dizem no processo que a pintura está “na posse indevida” da Fundação Solomon R. Guggenheim.

    A família está buscando a devolução da pintura ou compensação proporcional ao seu valor de mercado atual, estimado entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões, de acordo com o processo.

    O Museu Guggenheim disse à CNN em nota que leva “questões de proveniência e reivindicações de restituição extremamente a sério”, mas acredita que este processo é “sem mérito”.

    “A venda da pintura por Karl Adler para Justin Thannhauser foi uma transação justa entre as partes com um relacionamento duradouro e contínuo”, afirmou o museu.

    E acrescentou: “A extensa pesquisa conduzida pelo Guggenheim desde o primeiro contato feito por um advogado que representa esses reclamantes demonstra que o Guggenheim é o legítimo proprietário da pintura”.

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