EUA devolvem moeda “extremamente rara” no valor de 1 milhão de dólares a Israel
Relíquia remonta a uma rebelião judaica contra o domínio romano há quase 2.000 anos


Uma moeda que remonta a uma rebelião judaica contra o domínio romano há quase 2.000 anos foi devolvida pelos EUA a Israel após uma investigação conjunta de contrabando.
Cunhado em 69 d.C., o quarto de shekel “extremamente raro” é estimado em mais de US$ 1 milhão, de acordo com a promotoria de Manhattan, que organizou uma cerimônia de repatriação em Nova York na segunda-feira (12).
A medida ocorre 20 anos depois que as autoridades israelenses souberam pela primeira vez, por meio de informantes, que a moeda de prata havia sido descoberta por saqueadores de antiguidades no Vale de Ella, ao sul de Jerusalém.
Acredita-se que seja um de um esconderijo de moedas encontrado por ladrões na área, que abriga vários sítios arqueológicos importantes.
Os investigadores dizem que o item entrou no mercado negro antes de ser contrabandeado para o Reino Unido através da Jordânia. Em seguida, foi exportado para os EUA usando papelada falsa.
Em 2017, oficiais da Segurança Interna apreenderam a moeda em Denver, Colorado, onde deveria ser oferecida em leilão.
“Apesar da complexidade desta investigação, nossa equipe de promotores, analistas e agentes que trabalham com autoridades israelenses conseguiu rastrear essa antiguidade em questão de meses”, disse o promotor público de Manhattan, Alvin L. Bragg Jr., em um comunicado, descrevendo a moeda como sendo de “imenso valor cultural”.
O reino da Judeia caiu sob controle romano em 6 d.C., embora a resistência ao domínio imperial tenha levado a uma série de revoltas conhecidas como Guerras Judaico-Romanas.
A moeda data do quarto ano da Primeira Revolta Judaica, também conhecida como a Grande Revolta Judaica, que começou em 66 d.C..
Os romanos permitiram que certas moedas locais fossem cunhadas e circulassem em partes de seu império, incluindo a Judéia. A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) disse que os líderes rebeldes atacaram “motivos judaicos” sobre moedas imperiais, cobrindo assim o rosto do imperador.

Um comunicado de imprensa da IAA descreveu este ato como “uma declaração de independência dos judeus na terra de Israel, uma declaração contra o poderoso império que estava diante deles”.
A IAA disse que só tem conhecimento de um outro quarto de shekel semelhante — uma moeda adquirida pelo Museu Britânico na década de 1930. Ele acredita que há “cerca de três” outros circulando no mercado negro.
A cerimônia de repatriação da moeda contou com a presença de vários altos funcionários israelenses, incluindo o embaixador do país nas Nações Unidas, Gilad Erdan.
Em comunicado, o diretor do IAA, Eli Eskosido, descreveu a devolução do item como “o início de uma tendência muito positiva e importante para a restauração de bens do patrimônio cultural”.