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    Corte ‘Wolf’: a versão da Geração Z do antigo mullet

    Inspirado no corte popular nos anos 70, a volta do estilo andrógeno se dá principalmente no TikTok e no YouTube

    Leah Dolan, , da CNN

    Se você vir um adolescente com um mullet bagunçado que se mexe como um corte shag que tomou muito vento, ele provavelmente adotou um estilo de cabelo chamado “corte Wolf”. Esse penteado é reconhecido pela sua coroa volumosa que se transforma suavemente em camadas finas, e é a última tendência de beleza da Geração Z a tomar as redes sociais.

    Popular em pessoas de todos os gêneros, o corte Wolf provavelmente surgiu nos salões da Coreia do Sul, sendo nomeado a partir do visual selvagem e indomado que as camadas pesadas criam, lembrando a pelagem de um lobo. Para aumentar o impacto, o estilo geralmente é acompanhado de cachos suaves, para assegurar o look desleixado.

    As pesquisas no Google por esses cortes desalinhados aumentaram em 100% desde 2020, e o termo também teve um aumento de 88% no Pinterest em 2021, conforme mais e mais jovens escavam a plataforma de inspiração virtual para achar o corte Wolf perfeito.

    No Instagram, cabeleireiros compartilham imagens com iluminação de estúdio de clientes modelando versões mais profissionais do corte. Enquanto o TikTok está cheio de adolescentes tentando reproduzir a tendência com as tesouras que têm em casa.

     

    A vontade de ter um corte Wolf geralmente vem durante a madrugada, como em vídeos do YouTube chamados “DIY corte Wolf às 2 da manhã”. Enquanto os jovens mais cautelosos – ou mais abastados – agendam um horário em salões de beleza, muitos estão contentes em usar um par de tesouras de cozinhas ou a famosa “maquininha” e enfrentam os cortes por conta própria, vigiando o espelho do banheiro.

    No YouTube, os adolescentes jogam os cabelos para frente presos com um elástico, e simplesmente começam a cortá-lo em diagonal – e a maioria deles parecem animados com o resultado.

    Mais de 80,7 milhões de vídeos no TikTok estão marcados com a hashtag “#wolfcut”, e a maioria deles com sucesso, legendados com a frase marcante “esse é o seu sinal para fazer um corte Wolf”. Parte da popularidade do estilo pode ser atribuído às suas camadas desalinhadas, permitindo muitas variações e facilitando a tentativa de pessoas com menos habilidade com as tesouras de conseguir o penteado.

     

    Os cortes Wolf são a última tendência em penteados de gênero fluido. Seu antecessor, o mullet, tem uma história que começa séculos atrás. O poeta grego Homero, escrevendo “Ilíada” no século 8 a.C., referencia lanceiros com “madeixas da frente cortadas e cabelos longos atrás”.

    Mas o mullet só recebeu uma característica notavelmente andrógena do art-rock quando modelado por David Bowie, em seu alter ego Ziggy Stardust, nos anos 70.

    O corte marcado pela cor vermelha e feito pela cabeleireira Suzi Ronson, que escreveu em The Moth Presents: All These Wonders (sem edição em português) que Bowie viu o estilo pela primeira vez em uma modelo e perguntou se Ronson, que trabalhava em um salão em Londres na época, se ela conseguiria recriá-lo. “É um pouco estranho – é um corte feminino”, escreveu Ronson. “Como eu irei fazê-lo?”

    David Bowie
    David Bowie foi um dos precursores da moda do “mullet” nos anos 70
    Foto: Jack Kay/Hulton Archive/Getty Images

    A roqueira que só usava peças de couro, Joan Jett, usou um estilo mais despenteado tingido em preto durante a maior parte da sua carreira – uma versão mais longa, mais suavemente mesclada do mullet, e Jane Fonda também marcou o penteado em seu infame retrato na prisão em 1970.

    Fonda achou a mudança de suas longas madeixas para o corte mais curto e bagunçado transformadora. Em sua autobiografia Minha Vida Até Agora, ela relata o penteado como “sua primeira epifania nos cabelos”, que permitiu que mudasse a forma como era vista pelas pessoas.

    Jin, membro da banda BTS
    Jin, membro da banda BTS, usa um corte ‘Wolf’ mais comportado
    Foto: Dia Dipasupil/Getty Images North America/Getty Images

     

    “Os homens em minha vida gostavam dele longo e loiro”, escreveu. “Talvez eu usasse eles assim para me esconder”.

    Não é surpresa que o look se estabeleceu na androgenia e no gênero não-conformista que reapareceu nos cabelos da nova geração – homens, mulheres e não-binários – que é cada vez mais confortável com a ideia de fluidez de gênero.

    Em fevereiro, uma pesquisa nos EUA conduzido pela agência de publicidade Bigeye mostrou que metade da Geração Z acredita que genêro é um espectro e que os papéis binários são ultrapassados. E enquanto há algo inequivocamente anárquico e espontâneo em cortar os cabelos à meia-noite, gravando vídeos de “corte Wolf em casa”.

    O mullet reimaginado pode ser um gosto adquirido, mas a euforia que um cabelo recém mudado traz é tão infecciosa que é como se esses adolescentes saíssem das telas e te entregassem as tesouras.

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês).

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