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    Arquitetura vernacular no Brasil: tradição e sustentabilidade em ambientes

    Esse tipo de construção se destaca pela sua sustentabilidade e capacidade de inspirar a arquitetura contemporânea

    Priscila Carvalhocolaboração para a CNN

    A arquitetura vernacular é um reflexo das tradições e dos recursos disponíveis em cada região do Brasil, adaptando-se ao clima, cultura e materiais locais. Trata-se de construções que não apenas respeitam o meio ambiente, mas também carregam a sabedoria acumulada de gerações, criando uma forte ligação com o território onde são erguidas.

    Em meio à crescente urbanização e modernização das cidades, esse tipo de construção se destaca pela sua sustentabilidade e capacidade de inspirar a arquitetura contemporânea.

    Arquitetos e especialistas ressaltam que o uso de materiais e técnicas tradicionais não apenas valoriza a identidade local, como também oferece soluções eficientes e ecológicas para os desafios atuais.

    Diversidade regional

    Lucas de Lucena Rocha, arquiteto e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniFavip Wyden, destaca que a arquitetura vernacular no Brasil varia amplamente conforme a região. “No Norte e Nordeste, encontramos exemplos como as palafitas e as casas de taipa e adobe, que respondem ao clima úmido e árido dessas áreas.

    Já no Sudeste, as construções tradicionais fazem uso de pedra, tijolo e taipa de pilão, enquanto no Sul, a influência europeia se reflete em técnicas como o enxaimel”, explica.

    Essas construções são moldadas pelas condições geográficas e climáticas, utilizando materiais acessíveis e que garantem conforto térmico. No sertão nordestino, por exemplo, o barro das casas de adobe protege contra o calor intenso, enquanto as construções de madeira na Amazônia aproveitam a abundância natural das florestas.

    Sustentabilidade e preservação

    Segundo Rose Chaves, arquiteta especialista em revestimento, as técnicas vernaculares têm como base a sustentabilidade, algo cada vez mais valorizado na arquitetura contemporânea.

    “O uso de materiais locais, como madeira e barro, reduz custos e impactos ambientais. Essas construções são adaptações eficientes e ecologicamente corretas, algo que a arquitetura moderna busca incorporar cada vez mais”, afirma.

    Apesar de seu valor, a preservação da arquitetura vernacular enfrenta desafios como a descaracterização promovida pela urbanização acelerada e a perda de conhecimento sobre técnicas tradicionais.

    “Precisamos educar a população sobre a importância de preservar essas construções, que são parte do nosso patrimônio cultural e oferecem soluções ecológicas para o presente”, completa Rose.

    Inspirando a arquitetura contemporânea

    Ambos os especialistas concordam que a arquitetura vernacular pode servir de inspiração para os arquitetos contemporâneos. “Técnicas tradicionais, como o uso de materiais naturais e a adaptação ao clima local, são conceitos cada vez mais presentes nos projetos modernos”, ressalta Rocha.

    O arquiteto lembra que, no Brasil, Severiano Mário Porto é um exemplo de profissional que soube unir as tradições vernaculares com a arquitetura moderna, como no projeto da Suframa, em Manaus.

    Chaves também reforça essa ideia, apontando que a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente, presentes nas construções vernaculares, são elementos que podem e devem ser aplicados em projetos contemporâneos.

    “A integração da arquitetura com o contexto local e a valorização dos saberes tradicionais criam soluções inovadoras, resgatando a identidade cultural das regiões brasileiras”, finaliza.

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