Zelensky acusa tropas russas de cometer crimes de guerra em Kherson
Território foi retomado pelos ucranianos na última semana
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou, neste domingo (13), soldados russos de cometer crimes de guerra e matar civis em Kherson, em uma parte do país que foi retomada pelo exército local na semana passada após retirada da Rússia.
“Os investigadores já documentaram mais de 400 crimes de guerra russos. Corpos de civis e militares mortos foram encontrados”, declarou Zelensky.
“O exército russo deixou para trás a mesma selvageria que deixou em outras regiões do país em que entrou”, continuou.
A Reuters não conseguiu verificar imediatamente suas alegações. A Rússia nega que suas tropas tenham como alvo civis intencionalmente.
Covas coletivas foram encontradas em vários lugares da Ucrânia desde o início da invasão russa, incluindo corpos de civis mostrando evidências de tortura descobertos na região de Kharkiv e em Bucha, perto de Kiev. A Ucrânia acusou as tropas russas de cometer os crimes.
Em outubro, uma comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que crimes de guerra foram cometidos na Ucrânia e que as forças russas foram responsáveis pela “grande maioria” das violações de direitos humanos nas primeiras semanas da guerra.
Tropas ucranianas chegaram ao centro da região de Kherson, no sul, na sexta-feira (11), depois que a Rússia abandonou a única capital regional que havia capturado desde que Moscou lançou sua invasão em fevereiro.
A retirada marcou o terceiro grande recuo russo da guerra e o primeiro a envolver a rendição de uma cidade tão grande ocupada diante de uma grande contra-ofensiva ucraniana que retomou partes do leste e do sul.
Empresas de serviços públicos na região de Kherson estão trabalhando para restaurar a infraestrutura crítica danificada e minada pelas forças russas em fuga, com a maioria das casas na cidade do sul da Ucrânia ainda sem eletricidade e água, revelaram autoridades regionais.
Neste domingo, as trocas de artilharia ecoando pela cidade não conseguiram desencorajar multidões de moradores, que agitavam bandeiras agasalhados contra o frio, de se reunirem na praça principal de Kherson. As multidões tentaram captar sinais de telefones celulares das estações terrestres Starlink transportadas em veículos militares ucranianos.
“Estamos felizes agora, mas todos temos medo dos bombardeios da margem esquerda”, afirmou Yana Smyrnova, 35, cantora, referindo-se às armas russas no lado leste do rio Dnipro, que corre perto da cidade.
Smyrnova ainda informou que ela e seus amigos precisavam pegar água do rio para tomar banho e dar descarga, e apenas alguns moradores tiveram a sorte de ter geradores que acionam bombas para obter água dos poços.
O governador da região de Kherson, Yaroslav Yanushevych, comunicou que as autoridades decidiram manter o toque de recolher das 17h às 8h e proibir as pessoas de sair ou entrar na cidade como medida de segurança.
“O inimigo minou toda a infraestrutura crítica”, anunciou Yanushevych à TV ucraniana. “Estamos tentando nos encontrar dentro de alguns dias e (depois) abrir a cidade”, continuou.
Zelensky também alertou os moradores de Kherson sobre a presença de minas russas. “Peço a vocês que não esqueçam que a situação na região de Kherson continua muito perigosa”.
As autoridades locais disseram que a maior parte da cidade não tinha eletricidade ou água. Yuriy Sobolevskiy, primeiro vice-presidente do conselho regional de Kherson, disse à TV ucraniana que, mesmo com as autoridades trabalhando para restaurar os serviços críticos, a situação humanitária continua “muito difícil”.