Xenofobia contra muçulmanos é consequência da Guerra ao Terror, diz antropólogo
À CNN Rádio, Paulo Gabriel Hilu opinou que empreitada militar dos Estados Unidos depois de 11 de setembro não deixou o mundo mais seguro
Para o antropólogo e coordenador do Núcleo de Estudos do Oriente Médio na Universidade Federal Fluminense, Paulo Gabriel Hilu, a Guerra ao Terror – deflagrada pelos Estados Unidos após os atentados terroristas de 11 de setembro – trouxe consequências danosas para os muçulmanos como um todo.
“O 11 de setembro teve um efeito muito negativo na vida dos muçulmanos, embora o discurso fosse de caça a grupos extremistas, de islâmicos terroristas, o que aconteceu foi um aumento da vigilância e de uma abordagem policialesca em relação aos muçulmanos de maneira geral, mesmo os sem envolvimento militante”, disse, em entrevista à CNN Rádio.
Segundo a avaliação do professor, a Guerra ao Terror trouxe “todo um discurso de xenofobia, desconfiança e racismo aos muçulmanos.”
“Pessoas passaram a ver, no mundo muçulmano, uma espécie de autoridade radical, valores ocidentais ganharam força com a Guerra contra o Terror e muçulmanos foram estigmatizados, se normalizaram atitudes racistas em relação a eles”, completou.
O pós-11 de setembro, para o antropólogo, não trouxe segurança global: “O mundo nunca esteve e não está seguro, a questão da segurança e violência tem a ver com desigualdade política, a Guerra ao Terror foi uma desculpa para grandes intervenções dos EUA.”
A invasão ao Afeganistão e ao Iraque funcionaram, na visão de Hilu, para a “expansão do poder americano” e, agora, “o que nós vivemos é uma erosão dos direitos civis, temos menos defesa contra a arbitrariedade do estado, da polícia e das forças de segurança.”
CNN terá programação especial dos 20 anos do atentado
A CNN Brasil terá uma programação especial no sábado, 11/09, ao vivo, a partir das 8h. Em transmissão simultânea com a CNN Americana e com correspondentes espalhados pelos Estados Unidos, serão exibidas todas as homenagens às vítimas do atentado que completa 20 anos.
Comandada pelo time de âncoras da CNN, a cobertura especial trará também convidados que irão analisar o contexto histórico, os desdobramentos e histórias de quem acompanhou o horror de perto.
Antes, na sexta-feira, dia 10/09 às 22h30, o CNN Nosso Mundo recebe Leandro Karnal que traz um panorama do quanto esse fato mudou, não só os Estados Unidos, mas o mundo.