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    Watergate 50 anos: Woodward e Bernstein veem lições para os jornalistas de hoje

    Segundo os repórteres, existem semelhanças entre os ex-presidentes Nixon e Trump: "ambos os crimes começaram por minar elemento básico da democracia, eleições livres e justas"

    Ramishah Marufda CNN , Em Nova York

    Quando Bob Woodward e Carl Bernstein publicaram sua reportagem bombástica sobre o Watergate que levou à renúncia do ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, em 1974, a dupla pensou que ele seria o último presidente a desafiar abertamente a Constituição norte-americana e a lei.

    “E então, como dizemos, veio o Trump”, disse Woodward no programa “Reliable Sources”, da CNN, no dia 5.

    Para marcar o 50º aniversário da invasão do Watergate, o qual os então jovens Woodward e Bernstein publicaram uma série de matérias investigativas no The Washington Post, os jornalistas escreveram um novo prefácio para seu livro “All the President’s Men” (“Todos os Homens do Presidente”).

    “Se você quer uma descrição do que derrubou Nixon e a presidência de Nixon, é esse ódio e veneno que estava presente em seu governo”, disse Woodward. “E nós agora vemos [isso] em nossa política.”

    Woodward lembrou a entrevista que fez com o ex-presidente Donald Trump pouco antes da eleição de 2020, enquanto Trump assistia a uma gravação de seu recente discurso no Estado da União.

    “Ele disse: ‘veja o ódio, veja o ódio’, enquanto as pessoas estavam apenas sentadas lá ouvindo”, Woodward lembrou-se de Trump dizendo. “O ódio é algo de que precisamos nos desfazer como indivíduos e como sistema político”.

    Bernstein disse que o nível de criminalidade na Casa Branca durante o governo Trump talvez excedesse o de Nixon. E, 50 anos depois, ele nunca pensou que estaria reportando sobre outro presidente que abusou tanto do cargo.

    “Trump será o primeiro presidente insurgente dos Estados Unidos, não apenas um presidente criminoso como Nixon”, disse Bernstein.

    Bernstein viu outras semelhanças entre os dois ex-presidentes. “Ambos os crimes começaram por minar o elemento mais básico da democracia”, disse Bernstein: “eleições livres e justas”.

    Conselhos para os jornalistas de hoje

    Quando Nixon renunciou, em 1974, a dupla de repórteres recebeu uma nota pessoal de sua editora no “Washington Post”, Katherine Graham.

    “Não comecem a pensar muito bem de vocês mesmos. Vocês fizeram algumas das histórias muito boas. Mas eu quero lhes dar alguns conselhos”, Woodward citou o que dizia a nota da ex-chefe.

    “Cuidado com a pomposidade demoníaca”, escreveu Graham, e, cinco décadas depois, Woodward disse que esse é um conselho que os jornalistas de hoje ainda devem prestar atenção.

    Bernstein acrescentou que os repórteres de hoje deveriam aderir a uma frase simples na qual ele e Woodward se basearam no curso de sua investigação, que é encontrar “a melhor versão possível da verdade”.

    “Isso envolve perseverança”, disse Bernstein. “Ser um bom ouvinte, e a decisão mais importante que repórteres e editores precisam tomar: o que é notícia?”.

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