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    Violência contra mulheres aumenta nos EUA em período de isolamento social

    Em meio a pandemia do novo coronavírus, os atendimentos da Linha Nacional de Violência Doméstica dos Estados Unidos cresceram 12% de março a maio

    Núria Saldanha e Fernando Henrique, da CNN, em Washington e Nova York

    O isolamento que reduz a disseminação do novo coronavírus ressalta problemas sociais graves. Nos últimos dois meses, a violência doméstica chegou a triplicar em países que aderiram o distanciamento social, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

    Isoladas em casa com agressores, as mulheres estão sofrendo ainda mais abusos. Em meio a pandemia do novo coronavírus, os atendimentos da Linha Nacional de Violência Doméstica dos Estados Unidos cresceram 12% de março a maio. 

    No entanto, algumas organizações que apoiam vítimas da violência dizem que o real impacto do confinamento só deve ser amplamente conhecido com o relaxamento das medidas que llimitam a movimentação de pessoas já que, durante o período em que estiveram próximas dos agressores, muitas mulheres não conseguiram pedir socorro.

    No território americano, o problema é agravado pelo funcionamento parcial da justiça durante o surto, segundo a advogada Michelle Viana, que atende brasileiras em situação de risco. 

    “Houve um aumento drástico e várias pessoas estão pedindo ajuda, mas não estão efetivamente buscando ajuda”, diz Michelle. “O fato também de que as cortes estão fechadas ou funcionando em horários emergenciais dificulta.”

    Há sete anos, Fabiana Costa veio morar com o namorado nos Estados Unidos. Pouco tempo depois percebeu um comportamento controlador partindo dele, mas achou que se tratava apenas de diferença cultural. Até que ele a agrediu com socos, pontapés e tentou enforcá-la com um cabo de carregador de celular.

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    “Naquele momento eu pensei comigo, meu Deus, eu não tenho força para escapar dele” – conta Fabiana. Em instantes de desespero e depois de lutar por quase uma hora, ela então decidiu fingir que estava morta. “Eu soltei o corpo, deixei de me debater, de ir contra ele. Quando ele viu que eu soltei, ele falou: pronto, acabou”.

    Quando conseguiu escapar, chamou a polícia. A brasileira diz que decidiu lutar por justiça e o agressor foi condenado por tentativa de homicídio. Ela diz que lembrar do que passou é dolorido, mas que só conseguiu recomeçar a vida porque pediu ajuda.

    “Eu acho que a pessoa realmente tem que tomar coragem, tem que denunciar, é o único jeito”- aconselha.

    A ONU estima que a violência contra as mulheres tenha triplicado durante o período de isolamento. E, considerando a necessidade das medidas restritivas para conter o coronavírus, fez um apelo a comunidade internacional para que proteja as mulheres neste período.

    “Para muitas mulheres e meninas, a ameaça é maior onde elas deveriam se sentir mais seguras: em suas próprias casas”, disse o secretário geral da ONU, António Guterres. “Juntos, podemos e devemos evitar a violência em todos os lugares, das zonas de guerra às casas das pessoas, enquanto trabalhamos para vencer a Covid-19”.

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