Vídeos mostram incêndio na casa de ex-líder Khomeini durante manifestação no Irã
Protestos em todo o país pedem o fim do regime clerical linha-dura desde a morte da iraniana curda Mahsa Amini, em setembro
Vídeos mostrando um incêndio na casa do falecido fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, no Irã, viralizaram nas redes sociais, com ativistas dizendo que ela foi incendiada por manifestantes.
A Reuters verificou a localização de dois videoclipes usando os arcos e edifícios distintos que correspondem às imagens de arquivo. No entanto, a agência de notícias semioficial Tasnim negou que a casa de Khomeini tenha sido incendiada, afirmando que um pequeno número de pessoas se reuniu do lado de fora do local.
As imagens revelam dezenas de pessoas comemorando quando um flash de fogo começou em um prédio.
A Reuters não pôde verificar de forma independente as datas em que os vídeos foram filmados. A rede ativista 1500Tasvir disse que o incidente ocorreu na noite de quinta-feira (17) na cidade natal de Khomeini, Khomein, ao sul da capital Teerã.
“A reportagem é uma mentira. As portas da casa do falecido fundador da grande revolução estão abertas ao público”, ressaltou a Tasnim.
Khomeini morreu em 1989, e sua casa foi transformada em museu.
Seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, está sob intensa pressão de protestos em todo o país, que pedem o fim do regime clerical linha-dura desde a morte da iraniana curda Mahsa Amini, em setembro, enquanto estava sob custódia da polícia moral iraniana.
Vídeos separados postados por Tasvir pretendiam mostrar manifestantes em várias cidades da província do Sistão-Baluquistão, inclusive na capital Zahedan — onde os gritavam “Morte a Khamenei” — e em Chabahar, onde uma placa de uma avenida com o nome do aiatolá Khomeini foi removida e pisoteada.
A mídia estatal destacou que as autoridades realizaram uma cerimônia fúnebre para sete pessoas mortas na cidade de Izeh, no sudoeste do país, no que descreveu como um ato terrorista.
Porém, a mãe de uma das vítimas, Kian Pirfalak, de 10 anos, pode ser ouvida em vídeos nas redes sociais culpando as forças de segurança pelo assassinato de seu filho.
Um outro vídeo postado nas redes sociais, supostamente mostrando o funeral de Pirfalak, também revelava manifestantes gritando “Khamenei, vamos enterrá-lo”.
A Reuters não pôde verificar de forma independente a autenticidade desses vídeos.
Na sexta-feira, a Tasnim relatou manifestantes pró-governo na cidade de Mashhad, no nordeste do país, onde dois membros da milícia Basij foram mortos na quinta-feira. Dois agentes de inteligência foram mortos em confrontos com a população na noite de quinta-feira, de acordo com o site de notícias da Guarda Revolucionária.
O portal também afirmou que três outros Guardas Revolucionários e um membro Basij foram mortos em Teerã, e um Basiji e um membro da polícia foram mortos no Curdistão na quinta-feira.