Venezuela se torna base para criminalidade internacional, diz professor à CNN
Coordenador de grupo de análise da USP destaca impactos da crise venezuelana no Brasil, incluindo migração forçada e aumento de atividades ilícitas
A Venezuela se transformou em uma importante base para a criminalidade internacional na América do Sul, segundo Alberto Pfeifer, coordenador do grupo de análise de estratégia internacional da USP (Universidade de São Paulo). Em entrevista ao Agora CNN, o especialista destacou os impactos da crise venezuelana no Brasil e na região.
Pfeifer apontou que a corrupção desenfreada e as falhas no governo de Nicolás Maduro contribuíram para o crescimento de atividades ilícitas no país vizinho. “A Venezuela se tornou uma base da criminalidade internacional, do narcotráfico transnacional, do tráfico de armas, do tráfico de pessoas, do tráfico de substâncias conexas ao narcotráfico, do garimpo ilegal, do tráfico de biodiversidade”, alertou o professor.
Impactos no Brasil
O coordenador ressaltou que a situação na Venezuela tem consequências diretas para o Brasil. Um dos principais efeitos é a migração forçada e desordenada, com mais de 7 milhões de venezuelanos deixando o país nos últimos 20 anos, muitos deles buscando refúgio em território brasileiro.
“O Brasil soube acolher, mas isso impinge ao país um ônus de recepção dessas pessoas, um ônus da dotação de serviços públicos, vacinação, cadastramento, auxílio financeiro, realocação dentro do território nacional”, explicou Pfeifer.
Estabilidade regional em risco
Além das questões migratórias e de segurança, o professor destacou que a Venezuela se tornou aliada de países como China, Rússia e Irã, o que pode gerar instabilidade na região. “Estabelece-se no regime venezuelano um ponto de fricção, um ponto de atrito, um ponto que não convém ao Brasil, no sentido de que o Brasil preconiza por uma América do Sul e por uma América Latina estáveis, normalizadas, pacificadas”, afirmou.
Pfeifer também mencionou a importância da questão amazônica, já que a Venezuela é um dos oito países que detêm território na região. O controle da Amazônia, segundo preceitos próprios dos países que dominam o bioma, é de interesse do Brasil, que detém 60% da área.
Diante desse cenário, o professor enfatizou a relevância das eleições na Venezuela para o Brasil e a região. Ele defende que o processo eleitoral seja claro e transparente, com respeito ao vencedor, para que o país possa encaminhar-se por um período de maior paz social e estabilidade econômica.
(Publicado por Raphael Bueno, da CNN Brasil)
