Venezuela condena atentados em Brasília e manifesta “total solidariedade” a Lula
Em comunicado, chancelaria diz que episódios demonstram perigo de “onda fascista e antidemocrática”
O governo de Nicolás Maduro condenou, nesta quinta-feira (14), os atentados registrados em Brasília nesta quarta e manifestou solidariedade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A República Bolivariana da Venezuela expressa sua enfática condenação diante dos recentes atentados do dia 13 de novembro de 2024 ocorridos na Praça dos Três Poderes na cidade de Brasília e que tem como objetivo estremecer a paz do governo e suas instituições”, expressou o ministério das Relações Exteriores da Venezuela em comunicado.
No texto, a chancelaria de Maduro também manifestou “absoluta solidariedade com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e todo o povo brasileiro”.
“Estes fatos demonstram, uma vez mais, o perigo que representa o avanço da onda fascista e antidemocrática que, utilizando as redes sociais e outros mecanismos de comunicação massiva, a extrema-direita mundial tenta inocular em nosso continente para produzir desestabilização e caos social”, diz o comunicado.
Na manifestação, o governo venezuelano se diz ainda “fiel ao princípio de irmandade e fraternidade”, e afirma “continuar atuando” para que a região “seja uma zona de paz”.
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Ao fazer referência à “onda fascista” e à extrema-direita, o governo Maduro insere uma crítica implícita à oposição venezuelana no comunicado, já que utiliza estas expressões para se referir à líder María Corina Machado e a Edmundo González, que afirma ter ganhado a presidência nas últimas eleições, teve um mandado de prisão emitido contra ele e acabou asilado na Espanha.
O comunicado é divulgado horas após o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, anunciar estar retornando para Brasília. Ele tinha sido chamado a Caracas para consultas, em um protesto do governo venezuelano contra o que o gabinete de Maduro considerou serem “recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro”.
A medida foi tomada após o Brasil vetar a entrada da Venezuela nos Brics, o bloco de países emergentes, durante uma cúpula na Rússia.
O anúncio de Vadell foi publicado dois dias após Maduro elogiar uma declaração de Lula em uma entrevista à RedeTV, de que não poderia questionar a decisão da Suprema Corte da Venezuela.
A fala se refere à ratificação, pelo Tribunal Supremo de Justiça do país, da suposta vitória do presidente venezuelano nas eleições de 28 de julho.
Maduro disse que viu as declarações e que Lula fez “reflexão sábia”. “Cada país tem que buscar a maneira de resolver seus assuntos, seus conflitos, seus problemas. O Brasil com suas instituições e sua dinâmica nacional, soberana e a Venezuela com nossas instituições e nossa dinâmica também soberana”, expressou o chavista.
Na entrevista, realizada no último fim de semana, o presidente brasileiro tinha dito que “Maduro é um problema da Venezuela, não do Brasil” e que não pode ficar questionando a Suprema Corte de outros países.
“Eu não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país, porque eu não quero que nenhum país fique questionando a minha Suprema Corte, mesmo quando ela erra. Mesmo quando ela faz como fez comigo de não deixar eu ser candidato em 2018”, expressou.