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    Veículos russos são vistos dentro de sala de turbinas em usina nuclear ucraniana

    Região de Zaporizhzhia, onde fica a usina, tem sido alvo de intensos bombardeios, o que alimenta o temor de um desastre nuclear

    Paul P. MurphyTim ListerRob Pichetada CNN

    Um novo vídeo surgiu na internet mostrando veículos militares russos dentro de uma sala de turbinas conectadas a um reator na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, onde os intensos bombardeios alimentaram temores de um desastre nuclear.  

    A CNN geolocalizou e confirmou a autenticidade do vídeo, que começou a circular nas redes sociais na quinta-feira (18). Não está claro, porém, quando o vídeo foi gravado.  

    A filmagem mostra uma das seis salas de turbinas localizadas no lado oeste da usina nuclear, no sudeste da cidade de Enerhodar. Cada sala de turbina é conectada e construída em um grande edifício que abriga um reator nuclear.  

    Os veículos, que aparentam ser caminhões militares russos padrões, estão parados no extremo oeste do prédio no térreo, a pouco mais de 130 metros do reator.  

    Pelo menos cinco veículos –sendo um deles claramente marcado com o símbolo pró-guerra “Z” são vistos no vídeo, com pelo menos duas estruturas semelhantes a tendas próximas dali. Há uma série de paletes de madeira variados perto dos veículos.  

    Não está claro no vídeo se os paletes e as tendas fazem parte das forças armadas russas ou estão relacionadas às operações da usina. 

    Moscou disse anteriormente que o único equipamento militar na usina está relacionado aos serviços de segurança. Na quinta-feira (18), o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as imagens de satélite “mostram que as armas, especialmente as pesadas, não são colocadas no território desta estação”.  

    A CNN entrou em contato com o Ministério da Defesa russo para comentar o que está dentro e ao redor dos veículos militares na sala das turbinas, mas não recebeu uma resposta até o momento.  

    Tanto a Ucrânia quanto a Rússia se acusaram mutuamente de ameaças de terrorismo nuclear, principalmente em torno da usina.  

    Kiev acusou repetidamente as forças russas de armazenar armamento pesado dentro do complexo e usá-lo como cobertura para lançar ataques, sabendo que a Ucrânia não pode responder ao fogo sem arriscar atingir um dos reatores da usina. Moscou, enquanto isso, alegou que tropas ucranianas estão atacando o local.  

    Na segunda-feira (15), o presidente da empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia, Petro Kotin, disse que a Rússia estava armazenando 14 “unidades de equipamento militar pesado” na “primeira unidade de energia” e “seis veículos” na “segunda sala de máquinas”.  

    Veículos militares russos não são vistos na planta nuclear desde 24 de julho, de acordo com imagens de satélite do complexo fornecidas à CNN pelo Planet Labs.  

    Não está claro se os caminhões militares russos estão sendo armazenados dentro da sala de turbinas ou se eles estão usando-as como cobertura após um ataque militar ucraniano em 19 de julho. O ataque mirou em equipes militares russas em três tendas a apenas 300 metros de um dos reatores nucleares. 

    Temores da calamidade nuclear  

     A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, está sob controle russo desde março.  

    Os ataques ao complexo, que se intensificaram como as explosões de combate no sul da Ucrânia, despertaram preocupações sobre o espectro de um desastre nuclear, levando o órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas e os líderes mundiais a exigir que uma missão seja autorizada a visitar o local e avaliar o dano.  

    Mas especialistas sobre a questão nuclear estão empenhados em neutralizar alguns dos alertas mais alarmistas, explicando que a principal ameaça está mais próxima da própria usina e não justifica alertas em toda a Europa. Especialistas estão particularmente cautelosos em relação a qualquer comparação com o desastre de Chernobyl em 1986 –o pior acidente nuclear de todos os tempos– uma repetição do que é incrivelmente improvável, disseram eles.  

    O fogo de artilharia na usina nas últimas semanas danificou uma instalação de armazenamento a seco onde são mantidos barris de combustível nuclear usado– bem como detectores de monitoramento de radiação, de acordo com a Energoatom, empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia.  

    Em 5 de agosto, várias explosões perto do quadro elétrico causaram um corte de energia e um reator foi desconectado da rede elétrica, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em Inglês) da ONU.  

    O chefe da IAEA, Rafael Mariano Grossi, disse na semana passada ao Conselho de Segurança da ONU que a situação se deteriorou “ao ponto de ser muito alarmante”.  

    Falando na cidade de Lviv na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que a área ao redor da usina seja “desmilitarizada” e disse que um acordo é urgentemente necessário para “restabelecer Zaporizhzhia como infraestrutura puramente civil e garantir a segurança da área.”  

    “Devemos ser sinceros: qualquer dano potencial a Zaporizhzhia é suicídio”, disse Guterres. 

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