Universitária denuncia professor que a proibiu de amamentar durante aula online
Instrutor pediu desculpas após aluna expressar preocupação à diretoria


Uma universitária do estado norte-americano da Califórnia denunciou, à faculdade, um professor que disse que ela não poderia amamentar durante uma aula online. A denúncia gerou um pedido de desculpas do docente.
Marcella Mares, mãe de uma menina de 10 meses, recebeu um e-mail do professor da Faculdade da Cidade de Fresno em 23 de setembro, em meio à pandemia do novo coronavírus, sobre uma nova regra: que os alunos liguem câmeras e microfones durante as aulas remotas, para que os docentes possam monitorar a frequência dos estudantes.
Mares respondeu que poderia deixar a câmera e microfone ligados, mas poderia desligá-los se precisasse alimentar a filha.
Com a pandemia do novo coronavírus entrando no sétimo mês nos Estados Unidos, muitos pais tiveram que redefinir o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, com muitos locais de trabalho e escolas permanecendo virtuais.
Mares enviou o email ao instrutor esperando que isso não impactasse suas notas, mas, em vez disso, recebeu uma resposta inesperada.
“Fico feliz em saber que você pode ligar sua câmera e microfone, mas, por favor, não amamente sua filha durante o horário de aulas porque não é o que você deveria estar fazendo”, respondeu o professor. “Só faça isso depois da aula”.
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Mares diz ter ficado chocada com a resposta.
“Fiquei incomodada com isso”, disse ela. “Eu não gostei da sensação dele me dizendo o que posso e não posso fazer com o meu bebê, ainda mais na minha própria casa, porque a faculdade é online agora”.
No mesmo dia, conta Mares, o professor anunciou em aula ter recebido um email “estranho” de um aluno que queria fazer coisas “inapropriadas” durante a classe.
Isso a deixou ainda mais incomodada. “Me expôs publicamente na frente da sala”.
Ela contatou a coordenadora do Título 9 [como é chamada a lei federal americana que proíbe discriminação por sexo em programas ou atividades educacionais que recebem assistência financeira federal. Muitas escolas americanas têm um coordenador voltado para a proteção dessa legislação] da sua escola, Lorraine Smith, sobre o incidente e, alguns dias depois, o professor enviou a Mares um pedido de desculpas.
“Eu sinto muito pela inconveniência sobre sua intenção de amamentar seu bebê. De agora em diante, você tem o direito de amamentar seu bebê em qualquer momento durante a aula, o que inclui trabalhos em grupo, as palestras em aula e provas ou testes. Você pode desligar a sua câmera conforme for necessário”, disse ele em email a Mares em 26 de setembro.
Mares saiu da classe for razões não-relacionadas ao incidente, mas disse esperar que a escola tome mais providências a esse respeito.
A secretária de informação pública da Faculdade da Cidade de Fresno, Kathy Bonilla, confirmou à CNN que a escola recebeu uma reclamação de uma estudante que ouviu que não deveria amamentar durante a aula online.
“A reitora Lorraine Smith se comunicou com ela, confirmando seus direitos de acordo com as leis da Calfórnia e nós trabalhamos junto ao professor para garantir que seus direitos não fossem violados”, disse Bonilla. “O professor também entrou em contato com a aluna para corrigir seu direcionamento”.
De acodo com Bonilla, “o instrutor não conhecia a lei relacionada à amamentação e agora entende que seu direcionamento não estava correto”.
O professor negou um comentário para esta reportagem.
“A lei da Califórnia requer que as escolas acomodem estudantes em condições relacionadas à gravidez e ao parto, incluindo a amamentação”, explica Bonilla.
“Essa acomodação inclui conceder um tempo para sair da aula para amamentar sem penalidade acadêmica”.
Mares disse à CNN que não teve nenhum problema com amamentação em nenhuma das outras aulas durante o primeiro semestre dela como mãe. Outros professores a apoiaram, diz.
(Texto traduzido, leia o original em inglês)